José Mário Leite

Uma Cadeira Vazia!

No passado dia 25 deste mês de outubro, no auditório da Sociedade Portuguesa de Autores foram apresentados publicamente os vencedores dos prémios PEN relativos às obras publicadas no ano de 2021. Junto à mesa de presidência da cerimónia estava, como habitualmente, uma cadeira vazia, simbologia que o PEN instituiu e mantém para homenagear os escritores que, por esse mundo fora, são vítimas de discriminação, coacção, repressão e outros abusos intoleráveis que lhes são infligidos pelo facto singelo e humano de, sendo escritores, escreverem de forma livre e responsável.


Vinte e dois mil milhões

Segundo o Tribunal de contas, o dinheiro público injetado na banca e que não será recuperado ascende a vinte e dois mil milhões de euros, desde 2008. É uma brutalidade! Cada português contribuiu, em média, com 2.200 euros para aquela “salvífica” missão. Sendo a população ativa da ordem dos cinco milhões e havendo muitos que não pagam impostos a “taxa” paga pelos contribuintes é, em verdade, próxima de 5.000 euros, individuais.


O erro

Recentemente, em cerimónia pública, na Gulbenkian, António Coutinho, dirigindo-se a galardoados africanos das novas Bolsas de Investigação, incentivava-os a prosseguirem os seus estudos e trabalhos sem receio de assumirem os seus erros, pois esse é o caminho certo de procura da verdade, fim último da atividade científica.


Capa de Honras

A Capa de Honras Mirandesa, provavelmente, a versão profana da eclesiástica Capa de Asperges, tendo começado por ser uma peça de vestuário para proteção da chuva e do frio, é, atualmente, usada, quase exclusivamente, em ocasiões especiais, festividades e datas comemorativas, como elemento identificativo de pertença às Terras de Miranda.
O mirandês enverga, hoje, a rica e vistosa indumentária dos seus antepassados, com muita proa e orgulho.


METAVERSO

Recentemente a minha filha mais nova comentava comigo a dificuldade em explicar à minha neta mais velha o conceito e utilidade dos Clubes de Vídeo que proliferaram desde meados dos anos 80 e se extinguiram, completamente, na primeira década deste século. Precisamente na altura em que, num anúncio de televisão, o Ricardo Araújo Pereira anunciava o que parecia ser mera ficção e que se banalizou em pouco tempo: a possibilidade de “parar” uma emissão televisiva, quando quisesse e retomá-la, pouco tempo depois, a partir desse momento.


Democracia e Liberdade

A liberdade de expressão é um dos primeiros pressupostos dos regimes democráticos.
A existência de comunicação social livre e independente, um dos seus principais pilares.
É natural que os detentores do poder, mesmo que democraticamente eleitos, nem sempre gostem do que a imprensa relata, opina ou propõe. Mas isso faz parte do sistema, para o bem ou para o mal. “É a vida”, como diria o antigo Primeiro Ministro e atual Secretário Geral da ONU, António Guterres.
Quer isto dizer que a palavra de um jornalista é sagrada e inquestionável?
De maneira nenhuma.


O Carro de Bois

Sob a liderança do novo presidente, António Feijó, a Fundação Gulbenkian deu início ao processo de reflexão de que há de resultar o respetivo Plano de Atividades, para os próximos cinco anos.


Cinderella (gostar de se olhar ao espelho

Algumas décadas atrás, o tratamento ao cancro da mama implicava, invariavelmente, a sua remoção completa (mastectomia). Há vinte anos ficou provado que a ressecção local do tumor, seguida de radioterapia tinha o mesmo efeito e, em consequência, passou a ser a opção generalizada. Para muitas mulheres, a cicatriz deixada pela remoção do tecido cancerígeno é um mal menor, comparado com o risco de vida que a doença lhes trouxe e convivem bem com esta nova realidade. Outras porém nunca se resignam à deformação causada pela cirurgia, somando sofrimento ao sofrimento causado pela própria doença.


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