Bragança

Comércio tradicional teme que crise afete vendas no Natal

Publicado por Glória Lopes em Qui, 2023-12-14 09:30

Nem o bacalhau, o prato mais típico do Natal transmontano, escapa à crise e à inflação dos preços. O dito peixe não faltará à mesa da consoada, pode é não ser do graúdo ou especial e acabar na panela o mais corrente. No Bom Mar, armazém do bacalhau com tradição em Bragança, Maria de Jesus garante que o bacalhau, ainda, se vende bem nesta época. “De outra maneira estávamos de portas fechadas”, atesta. Só que já não é a azáfama de outros tempos, de carteiras mais abonadas, em que não havia mãos a medir na loja para atender a clientela. “Nota-se mais nas pessoas da classe média a falta de capacidade económica. Não têm dinheiro para comprar o produto melhor. Gastam menos. Aliás, já nem há classe média, com os salários baixos, o crédito à habitação a subir e os preços em geral a aumentar. Quem tem dinheiro compra do bacalhau crescido ou do especial, quer o melhor, os outros não. Vão aos hipermercados”, deu conta Maria de Jesus.
Neste armazém há vários tipos de bacalhau. “Do bom e do menos bom. Mau não temos. Mesmo o menos bom é superior ao dos hipermercados. Temos de alta qualidade e do bom bacalhau: temos o crescido a 17 euros, o graúdo a 20 e o especial a 22 euros. Quem tem dinheiro procura do mais caro”, afirmou Maria de Jesus.
Também o polvo, outro peixe da tradição da consoada transmontana deixou de ser um produto acessível para todas as bolsas, com o quilograma nos hipermercados a rondar entre os 15 e os 17 euros, ainda que em algumas grandes superfícies existam descontos de promoção. “Os tempos não estão para extravagâncias, contudo há sempre dinheiro para a mesa de Natal. Se não for com o melhor é com o mediano. O tradicional não faltará, desde bacalhau, polvo, os doces e bolo-rei”, conta Maria Silva, trabalhadora do sector privado em Bragança.
Os doces de Natal também podem ficar mais caros este ano, mesmo confecionados em casa. O arroz carolino, subiu quase 50% face ao ano passado, tal como o açúcar que também tem subido de preço, o mesmo na farinha e nos ovos.

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