Mogadouro

IGAS concluiu que atraso pode ter sido fatal em Mogadouro e aponta dedo a médico do CODU durante a greve do INEM

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 09/25/2025 - 17:52

A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) concluiu que a morte de um utente com 84 anos, de Mogadouro, no dia 2 de novembro de 2024 pode ter sido influenciada pelo atraso no atendimento telefónico por parte do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Porto, no dia em que a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar teve mais impacto no atendimento, por ter coincidido com a paralisação marcada pelos trabalhadores da administração pública, noticia o jornal PÚBLICO, citando um relatório ao qual o Mensageiro também já teve acesso.

De acordo com o periódico, o processo de inquérito conclui que "o atraso no atendimento telefónico por parte do CODU poderá ter tido uma influência significativa no desfecho final da vítima, após ter ocorrido uma situação de engasgamento, constituindo-se como um fator contributivo relevante para o desenvolvimento de encefalopatia hipóxica, seguida de óbito".

Segundo o PÚBLICO, a IGAS revela que apurou também a existência de indício disciplinar na atuação de um médico regulador do CODU do Porto, "por não ter agido de forma diligente e zelosa aquando do acionamento dos meios diferenciados de emergência médica, nomeadamente a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), para a realização do transporte secundário entre o Serviço de Urgência Básica de Mogadouro e a Unidade Hospitalar de Bragança".

O PÚBLICO diz ainda que o processo foi arquivado pela IGAS já que "o eventual poder disciplinar cabe, neste caso, ao órgão de gestão do Instituto Nacional de Emergência Médica, atendendo ao facto do profissional de saúde em causa deter um contrato individual de trabalho por tempo indeterminado".

O relatório foi enviado ao conselho directivo do INEM para, no âmbito das suas competências, avaliar e decidir sobre a proposta de instauração de um procedimento disciplinar ao abrigo do Código do Trabalho; ao Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste, E.P.E., para conhecimento; ao Ministério Público, Procuradoria da República da Comarca de Bragança, Departamento de Investigação e Acção Penal, onde corre um inquérito judicial sobre esta ocorrência; bem como à Ordem dos Médicos e ao gabinete da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

Recorde-se que o Mensageiro de Bragança denunciou este caso em primeira mão, no início de novembro. 

O homem, residente no lar da Santa Casa da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta, tinha ido passar o dia a casa de familiares, onde almoçou.

Durante a refeição, sofreu uma obstrução das vias respiratórias (engasgamento). Estava com um familiar indireto, ex-bombeiro, que aplicou manobras de desobstrução, sem sucesso, por volta das 13h00.

A família esteve cerca de 15 minutos a tentar ligar para o 112. A chamada não foi atendida. O familiar levou o idoso no próprio carro à Urgência Básica do Centro de Saúde de Mogadouro, a mais próxima da ocorrência. No caminho cruzou-se com bombeiros, que transferiram a vítima para a ambulância, mas o homem chegou à urgência já em paragem cardio-respiratória.

Naquele serviço foi possível reanimar a vítima e reverter a paragem cardíaca mas o senhor já não acordou de coma.

Foi entretanto transportado ao hospital de Bragança, onde acabou por falecer.

Este foi o segundo caso mortal no Nordeste Transmontano, depois de um homem ter morrido no passado dia 31 na sequência de um ataque cardíaco, em Bragança. A mulher tentou contactar os serviços de emergência durante cerca de uma hora, sem sucesso.

O homem acabou por falecer.

 

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