Miranda do Douro

Professores de línguas minoritárias apelam ao Governo para ratificar a Carta Europeia

Publicado por Francisco Pinto em Sex, 2024-04-26 10:16

Especialistas europeus em línguas minoritárias exortaram o Governo de Portugal a ratificar a Carta Europeia de Línguas Minoritárias (CELM), para que o mirandês possa beneficiar de apoios não só nacionais, mas também da União Europeia, à semelhança do que aconteceu com outros idiomas europeus.

“Quando um país assina e ratifica a CELM este fica abrangido por uma grande quantidade de apoios europeus. E, apelamos, por isso, que Portugal ratifique este documento tendo em vista a salvaguarda da língua mirandesa” disse ao Mensageiro, Cor vam der Meer, membro da Fyke Akademy, na Holanda.

Esta conclusão saiu do 3.º encontro OWL+, promovido pela União Europeia, que visa aumentar a sensibilização para o papel dos professores e educadores na revitalização e manutenção das línguas minoritárias, que decorreu no agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD).

Esta iniciativa da UE é um consórcio que reuniu vários parceiros em torno das línguas minoritárias, entre os quais professores de saami do sul na Noruega, latgaliano na Letónia, frísio ocidental na Holanda, mirandês em Portugal, ou asturo-leonês, em Espanha.

Cor vam der Meer disse que o seu idioma, o frísio, está completamente reconhecido pelo Governo neerlandês e estão preparados para realizar investigação linguísticas ou produzir materiais para o ensino deste idioma do norte da Europa.

Portugal assinou a Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias em 2021.

O OWL+ é um projeto Erasmus+ que cria caminhos para os educadores integrarem línguas ameaçadas com poucos recursos nas suas atividades de ensino.
Do lado português, o professor de mirandês no AEMD, Duarte Martins disse que as línguas minoritárias são absorvidas pelos idiomas oficiais sendo uma luta constante para inverter este papel. “Neste encontro europeu fico com a noção, de que cada país com idiomas minoritários, tem as suas realidades, onde nem todos estão ao mesmo nível. No caso do mirandês, continuamos a sentir dificuldades no seu ensino”, vincou o docente.

O objetivo final do projeto passou por criar ferramentas que visam sensibilizar os educadores para as línguas com poucos recursos, fornecer-lhes informações adequadas sobre essas línguas e incentivar a sua integração em diferentes contextos de aprendizagem.

Alfredo Cameirão disse que ainda era cedo para implementar as conclusões deste encontro, mas que muito deste trabalho vai ser analisado e estudado para indicar o caminho futuro da língua mirandesa.

Este grupo de trabalho contempla cinco organizações, em cinco países diferentes, incluindo Portugal, que trabalham em conjunto em caminhos para o uso de línguas com poucos recursos em ambientes educacionais, como é o caso da língua mirandesa.

De acordo com este consórcio, “em muitos contextos, o ensino das línguas minoritárias carece de recursos e/ou de visibilidade”.

Gema Zamora, um dos membros do consórcio europeu, referiu que há muitas comunidades que têm problemas com o ensino ou produção de conteúdos para o ensino da cada uma das língua minoritária. “As línguas minoritárias continuam muito isoladas e não têm o reconhecimento que merecem”, concluiu a investigadora espanhola.

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