A opinião de ...

Vamos mobilizar Portugal

Nos passados dias 5 e 6 de setembro, os militantes do PS elegeram os/as presidentes das Federações e as presidentes dos Departamentos federativos de mulheres. Embora sejam eleições de natureza distinta das eleições primárias, elas não deixam de ter uma leitura também nessa perspetiva. De facto, os resultados representam uma clara vitória dos candidatos apoiantes de António Costa, o que é desde logo um bom sinal para o próximo dia 28, dia em que militantes e simpatizantes do PS vão eleger o candidato do PS a Primeiro-ministro. Vão ter de escolher entre António Costa, Presidente da Câmara de Lisboa, e António José Seguro, atual Secretário-geral do PS.
Pela primeira vez, em Portugal, um partido confere iguais direitos de participação eleitoral a militantes e simpatizantes. O que é positivo enquanto sinal de abertura à sociedade e de valorização da democracia participativa. Precisamente por se tratar de uma iniciativa inovadora, lançada por um partido com as responsabilidades do PS e que visa escolher aquele que irá liderar o PS e o governo, todo o processo deveria correr de forma exemplar. Infelizmente, há alguns sinais de que nem tudo corre como devia, em parte porque se misturaram dois processos com lógicas diferentes, geradores de acrescidas conflitualidades.
 A sobreposição das campanhas federativas (processo interno) com a campanha nacional das primárias (aberta a simpatizantes) não facilita o debate e desgasta a imagem dos candidatos e do próprio partido. Como muitos disseram desde o início, juntar os dois processos seria contraproducente. O prolongamento da campanha interna só favorece o governo e os partidos da coligação. A direção do PS não foi sensível aos argumentos e impôs o figurino e o calendário que entendeu. O recurso ao ataque pessoal e à agressividade verbal - não apenas nas redes sociais, mas também por parte de quem tem a obrigação de apaziguar os ânimos e unir o partido - a todos prejudica e pode afastar muitos simpatizantes. Espero que, nos debates televisivos entre os dois candidatos, agendados para 9 (TVI), 10 (SIC) e 23 de setembro (RTP), se debatam ideias e propostas, com elevação e sentido de Estado, honrando a história e o património do PS. 
António Costa tem tido uma atitude exemplar. Fala de política, critica o governo, apresenta as suas ideias para o PS e para o país, sem atacar camaradas e recusando-se a responder aos ataques que lhe fazem. A sua preocupação não é ganhar a disputa interna, é mobilizar os portugueses e ganhar as legislativas. Por isso não se cansa de afirmar que os seus adversários estão fora do PS e que conta com todos sem excluir ninguém. Ele sabe que, para obter a maioria indispensável para mudar a política de austeridade do governo PSD/CDS, precisa de sair da campanha interna com um partido mais forte e coeso, capaz de conquistar a confiança dos portugueses e de lhes devolver a esperança perdida. É também por isto que apoio António Costa. E porque quero o melhor para o PS e para Portugal.

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