A opinião de ...

O meu amigo Zé

Toda a gente tem um amigo Zé. Hoje vou falar-vos do meu.
O meu amigo Zé é uma pessoa preocupada com a sociedade. Gosta de ter um sentido crítico sobre aquilo que o rodeia. Mas, tal como manda a tradição portuguesa, deixa-se inquietar mais pelo pedação de líquido que habitualmente falta no copo do que se deixa alegrar pelo esforço despendido para o encher.
Num destes dias, o meu amigo Zé confessava-me a sua inquietação pelas notícias das entradas de novos alunos para o Instituto Politécnico de Bragança. Que havia nove cursos com entradas zero, dizia-me ele, que o melhor aluno tinha entrado com média inferior a 15, notava ainda, que muitos entraram com notas negativas (inferior ao dez redondo mas, ainda assim, com pelo menos o 9,5 requerido), acrescentava.
Eu, que gosto de espicaçar as inquietações do meu amigo Zé, contrapus que, no espaço de cinco anos, o IPB passou de menos de sete mil alunos para quase dez mil estudantes, um crescimento de cerca de 30 por cento; que, apesar de sobrarem vagas no concurso nacional de acesso que, pela primeira vez trouxe, mais de mil alunos para a região, elas são, habitualmente, preenchidas logo a seguir, pelas diferentes formas de acesso ao ensino superior, nomeadamente pelo contingente internacional, cuja procura é quatro vezes superior à oferta de vagas disponíveis.
O meu amigo Zé não ficou convencido, pois acredita que os alunos que concorrem para o IPB o fazem em último recurso, por não terem capacidade de entrar em instituições de pedigree superior (universidades).
Ora, grande parte do contingente nacional de fora da região que acorre ao IPB é oriundo do Minho profundo, de zonas socialmente deprimidas, que vivem à sombra de uma industrialização assente nos baixos salários, com ascendentes com menores habilitações.
Ora, a capacitação e o conhecimento têm sido dois fortes impulsionadores de ascensão social, de jovens que chegam com reduzidas perspetivas de vida, se calhar, até, contra a opinião dos progenitores pois, muitas vezes, dava mais jeito ao agregado familiar que fossem trabalhar do que continuassem a estudar. E, também, por isso, o IPB mantém uma missão de grande importância social.
As inquietações do meu amigo Zé puxaram-me a lembrança para os povos espanhol, francês, alemão, britânico, que antes de vangloriar o que é de fora, destacam o que é seu, com um verdadeiro sentido de honra, pertença e orgulho. Por cá, pelo contrário, lamuriamos o que temos comparativamente com o que é de fora que, por isso mesmo, é que é bom. Uma tendência que não é de agora nem do século passado mas que parece incrustada nos nossos genes.
As conquistas do IPB são as conquistas da região, da qual é, neste momento, uma das maiores bandeiras. E o peso na economia local está bem à vista, sobretudo em Bragança e Mirandela, em contraponto com o que tem acontecido em Macedo desde o encerramento do Piaget.
O meu amigo Zé ainda não parece convencido... É pena.

Por falar em, Macedo de Cavaleiros, as eleições autárquicas chegaram mais cedo do que nos outros concelhos. Desde logo, com a apresentação de candidaturas com mais de um ano de antecedência. Mas, também, com dois estrondos ouvidos na vereação socialista, detentora do poder. Logo do vice-presidente e da sucessora.
Onde há fumo costuma haver fogo, por mais silêncios e motivos pessoais que sejam alegad

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