Cem dias é muito tempo e "quem tem pressa come cru"
Quando os novos governos iniciam funções, e não são apoiados por maiorias confortáveis, para se instalarem e conhecerem os cantos à casa, é costume dar-se-lhes o benefício da dúvida durante os primeiros cem dias do exercício de funções, tempo julgado suficiente para provarem o que realmente valem e o mais que serão capazes de fazer durante os mandatos.
É compreensível e natural que as oposições estejam ansiosas e queiram que o tempo passe depressa para poderem confrontar os governos pela forma como cumprem, ou não, as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Se esses cem dias, para as oposições podem parecer uma eternidade, já para os governos parecerá sempre um tempo manifestamente curto e insuficiente para conhecerem os cantos à casa e, conforme prometido aos eleitores, dar cumprimento ao programa com que se apresentaram a eleições e por o governo a trabalhar em velocidade de cruzeiro.
É dentro destes parâmetros que, esgotados os seus primeiros cem dias de atividade, estão criadas as condições mínimas para fazer uma primeira análise ao desempenho do atual governo minoritário saído das eleições do passado mês de março, tanto ao que fez bem ou menos bem, como ao que não pode, não quis ou não o deixaram fazer.
No caso vertente do atual governo, salvo melhor opinião, porque o bom é inimigo do ótimo, sectarismos e politiquices à parte, em face dos resultados já conseguidos, só por manifesta má fé e incompreensível desonestidade mental se poderá ignorar ou desvalorizar o muito, genericamente bem feito, que este governo da AD, apesar dos muitos constrangimentos e dificuldades, conseguiu fazer nestes primeiros cem dias da sua atividade governativa, tendo dado passos largos para conseguir:
- Desencravar a construção do novo aeroporto de Lisboa, um processo que se arrastava há mais de meio século, durante o qual foram malbaratados inutilmente milhões sem conta dos cofres do estado, numa espécie de “faz que vai mas não vai”, mas que, neste caso, nunca fora a lado nenhum;
- Dar passos importantes para resolver graves problemas e assimetrias salariais e outros de grupos profissionais tão importantes como os professores, os profissionais da PSP, da GNR, dos GP, os profissionais da justiça, o IRS dos jovens, a falta de habitação acessível, as listas de espera nos hospitais e tantos outros de não menor impacto, mas de igual interesse para muitos milhares de pessoas.
- A necessária e urgente aceleração da utilização das verbas do PRR.
Aqui chegados, ainda que as sondagens valham o que valem, não pode ser por manipulação de resultados nem por mero acaso que os números divulgados esta semana por uma empresa de sondagens, segundo os quais, quase 60%, (sim 60%) dos portugueses dão nota positiva ao governo, nunca poderiam acontecer por acaso ou manipulação dos resultados.