Do alto dos oitenta e tal anos Mais um ano que chegou
Como é do conhecimento geral, o mundo encontra-se em grave e permanente ebulição.
Nesta já tão grande caminhada para quem se encontra acima dos oitenta e tal anos, não é surpresa o ambiente quase sempre de rejeição relativamente ao ano que acabou, assim como o de formular os melhores votos relativamente ao que chegou.
Ao terminar este ano, não fará mal recordar com mágoa alguns maus momentos que nele aconteceram e que nos foram transmitidos pela comunicação social, tais como: a falta de diálogo, as mentiras e falsidades, ameaças e ofensas de vária ordem; guerras em que não faltou a crueldade de morticínios, genocídios, torturas, desumanidade, sevícias, destruição, sequestros, privações, indignidades, vinganças e a violação de muitas regras que suportam, tanto o equilíbrio da Humanidade como o da Natureza, vil e conscientemente espezinhadas – tudo isto quantas vezes acompanhado com um sorriso nos lábios daqueles que não resistem a ordenar e aprovar tais barbaridades.
Foi o cortar o crescimento físico e intelectual a milhares de crianças; foi o abandono a que, também milhares de crianças se viram sujeitas pela privação dos pais e outros familiares; foi a fome e o medo, as lágrimas que correram nos rostos de quem não conseguiu compreender o porquê de tantas barbaridades; foi o desvio de tanta riqueza para produzir o armamento cada vez mais sofisticado que fez prolongar os conflitos, e que deveria ter sido destinada a acorrer aos que tanto dela precisaram para terem vivido condignamente!
Tanta vez que se falou de paz por milhões de civis e beligerantes, mas que nunca foi possível alcança-la, precisamente porque o conceito de paz não foi uniformemente interiorizado por todos! Não foi, e parece que não continua a ser, no presente ano de 2025.
Os argumentos em que muitos se basearam não puderam ser ultrapassados pelos opositores que também não quiseram ver beliscados os seus. E foi sobre estas situações irredutíveis que esvoaçou a pomba da paz – a pomba para a qual todas as vontades se dirigiram, mas que, apesar das mais que sofisticadas armas com que tentaram fazê-la sua, ninguém conseguiu aprisiona-la. Infelizmente, portanto, para longe foi a paz!
Imperiosamente, pois, é de todo necessário e mais que preciso parar. Parar para pensar e averiguar os prós e os contras que advirão da continuação ou não da luta.
Há, então, perguntas que se impõem: por que razão estamos a lutar? Porque nos matamos? Porque destruímos tudo o que nos rodeia? Que benefícios vão obter os que ganharem a luta? E, inversamente, que males irão sofrer os que a perderem?
Se a Humanidade está a sofrer, também a Natureza está a sofrer!
A Humanidade incrivelmente torturada no corpo e na alma; a Natureza totalmente despojada da vida que abnegadamente nos oferece, ao ver-se roubada na vivência da variedade da sua fauna e na beleza dos plainos verdejantes e coloridos, onde as árvores ondeiam ao sabor do vento, e com sua ramagem nos protegem dos raios do sol pela oferta do frescor da sombra!
Os campos de cultivo paulatinamente vão ficando áridos, enquanto o clima se vai transformando para provocar o degelo que faz subir os mares – os mares que não mais conseguem suportar os dejetos que para eles vão sendo despejados e que tanto mal fazem aos seres vivos que têm no mar a sua casa!
Depois de tudo isto, que proveito virá para os eventuais vencedores?