Ainda a propósito dos incêndios... Prevenção evitando a devastação!...
Diz o povo, e com razão, que “é melhor prevenir que remediar”. Ninguém tem dúvidas disso, como já não tinha Erasmo, que, no início do século XVI, eternizou essa afirmação.
No capítulo dos incêndios, parece passar-se um pouco de tudo isto. As dúvidas subsistem e ninguém as clarifica.
Causadores de inúmeras devastações, com prejuízos enormes, a todos os níveis, tantas vezes irreparáveis, os incêndios acabam por ser uma forma que a natureza tem para falar connosco e nos levar a pensar, seriamente, sobre o modo como a tratamos e cuidamos do ambiente envolvente.
É que não podemos apreciar a vida, desfrutar saudavelmente da mesma, se não tratarmos, com respeito, o meio ambiente. É importante, não nos desleixarmos, é determinante pensar, refletir sobre o que somos e o que queremos, para podermos usufruir de um futuro melhor.
E os incêndios também são fruto desse desleixo, dessa falta de atenção para com a conservação da natureza, com naturalidade, prestando-lhe a atenção necessária para prevenir males futuros.
Não importam discursos bonitos e conferências bem organizadas. É preciso agir, é necessário prevenir, envolvendo os políticos, os empresários, os empreendedores, os gestores, a comunidade, os agricultores…os pastores, na sua expressão real, tendo em vista a prevenção e o respeito pela “dignidade” da natureza que tem um valor intrínseco, pois vale por sim mesma.
Todavia, a avaliar por tudo aquilo a que vamos assistindo, no dia a dia, às notícias que nos chegam através dos meios de comunicação, tudo isto está longe de ser conseguido. Longe mesmo. E, a cada momento, vemos muito do nosso património florestal, e não só, perdido.
Entendo, porém, que a prevenção será a forma mais eficaz de contrariar a deflagração de muitos dos incêndios e, consequentemente, todos os seus nefastos efeitos.
Contudo, neste domínio, são inúmeras a negligências, a falta de programação adequada, para atempada intervenção preventiva. Os exemplos são aos montes e evidentes, também nos montes.
Para além do trabalho que falta realizar no âmbito da limpeza das florestas e dos espaços que envolvem aglomerados urbanos, assiste-se a uma ineficácia confrangedora no que toca à abertura de caminhos, trilhos, corta-fogos, aproveitamento de recursos hídricos, etc.
Tanta gente que poderia ocupar-se, sobretudo durante o período de inverno, nestas tarefas!...
A limpeza de terrenos agrícolas, antes cultivados, também deveria ser muito mais cuidada, até porque, na maioria dos casos, os proprietários recebem subsídios para o cultivo ou manutenção dos mesmos.
Na verdade, há muito…muito para fazer, mas parece que falta muito querer, sendo evidente o défice de discernimento por parte de que tem o poder.
Quando, por exemplo, verifico que há uma pequena barragem na minha aldeia, que está, agora vazia, não por ter faltado a água, mas porque a comporta não está devidamente impermeabilizada, e que foi necessária, há dias, para combater um incêndio, nas imediações e o helicóptero, teve de recorrer ao outra fonte de abastecimento, mais longe, está tudo dito.
Afinal, o que andam a fazer muitos dos responsáveis nestas áreas, para não procederem à intervenção necessária para que este e outros recursos naturais, estejam disponíveis para quando são precisos?!...
Ainda bem que, neste caso, havia outros recursos nas imediações e o helicóptero, com a colaboração pronta e, como sempre, eficaz dos Bombeiros Voluntários de Izeda, extinguiu o incêndio, quase de imediato, porque se isso não tivesse acontecido….
É, pois, importante não cruzar os braços de inverno, para o verão não se torne um “inferno”!...