A opinião de ...

Desequilíbrios potenciados … …em desfavor dos mais necessitados!...

Nos tempos que vivemos, contextualizados numa azáfama diária, não conseguimos arranjar tempo para parar, pensar e refletir sobre o que somos, onde estamos e para onde, na verdade, interessa ir. Porque tudo muda de um dia para o outro. Mesmo os nossos interesses mediáticos.
Uma vida com muitas tarefas para cumprir, consequentemente, distraída e desconcentrada, acaba por aniquilar a capacidade de imaginar, de pensar, idealizar, ouvir, ver e criticar, construtivamente, acaba por se afastar destes aspetos esses essenciais a uma existência e convivência saudáveis.
Aproveitando toda essa distração, emergem, constantemente, os mais variados estimulantes propagandistas, apresentados em grande número e de diversas formas.
Alguma comunicação social atual, também não foge muito a esta regra, pois dificilmente se autonomiza e, com criatividade, se dinamiza, acabando, de algum modo, por proteger e mediatizar os poderosos, “desvalorizando” os mais fracos e, neste naipe, os mais interiorizados.  
Por isso, aproveitando um ambiente relativamente negligente, astuciosamente, aproveitando até alguma ingenuidade social, vai-nos brindando com o que mais lhe interessa, em termos de resposta à satisfação de quem mais pode e manda, adotando, com efeito, uma postura, onde a ética, os princípios do jornalismo e da moral deixam muito a desejar.
Todavia, o que me leva, hoje, a escrever, é a forma como é conduzida informação relacionada com o desporto em geral, mas sobretudo com o futebol.
Pois, se no que respeita à mediatização, o futebol, sempre o poderoso e tantas vezes obscuro mundo do futebol, ocupa a maior parte do espaço informativo e de debate, todas as outras modalidades, são reduzidas a pequenas notícias e pouco mais.
Esta particularidade, só por si, é já bastante significativa. Contudo, mesmo no que toca ao desporto-rei, as diferenças de tratamento dos clubes designados como “grandes” em relação aos demais, mesmo que competindo no mesmo escalão competitivo, é abismal. Diria mesmo, imoral.
Tendo em conta a forma como são tratados, nomeadamente ao nível televisivo, onde uma boa parte dos dias, estão quase todos os canais a “dizer a mesma coisa e às mesmas horas”, embora com protagonistas diferentes, mas representando interesses idênticos, fica até a ideia que o mundo do futebol nacional se limita a três clubes e nada mais!... E os outros?!.. Aqueles que também integram e participam nas mesmas provas, não têm direito à vida mediática?!...
E se quanto aos canais privados se poderá compreender melhor a sua atuação, o mesmo não se pode dizer em relação aos canais públicos, onde a imaginação e a criatividade deixam muito a desejar.
Deste modo, o certo é que, os pequenos ficarão cada vez mais pequenos, vendo reduzida a sua mediática dimensão, enquanto os grandes, dominadores das atenções, são “levados ao colo”, promovendo-se exagerada e desequilibradamente a respetiva dimensão.
Se noutros setores se reclama justiça em relação aos mais desfavorecidos, também neste contexto será coerente exigir que venha, pelo menos de forma justificadamente proporcional, a existir.
Os desequilíbrios não podem ser, sistematicamente, potenciados em desfavor dos mais necessitados…ou pelo menos não devem. Fica a dica.

Edição
3490

Assinaturas MDB