A opinião de ...

Formação responsável e sustentável

Talvez mais do que nunca, a arrogância, está impregnada no espírito e na forma de ser de muitas pessoas. Uma boa parte delas, decorrente do evidente défice educacional e de urbanidade, têm muita dificuldade em aceitar com naturalidade opiniões desfavoráveis e não admitem críticas.
Com efeito, escrever sobre aspectos ligados à formação desportiva, quando é nesta vertente que se sustentam a maior parte dos subsídios institucionais atribuídos às colectividades, nomeadamente pelos municípios, mas que por estes nem sempre supervisionados, acaba por ser “arriscado”.
Mesmo sem ter em vista qualquer aproveitamento ao nível competitivo, o investimento na área da formação desportiva deverá constituir, para qualquer organização, uma responsabilidade prioritária, pois, a educação global, devidamente sustentada, deve passar, também, pela aquisição de competências ao nível dos conhecimentos práticos e teóricos relacionados actividades físicas e desportivas.
Numa época em que os valores éticos, educativos, sociais, morais e religiosos são cada vez mais desvirtuados e a saúde global nem sempre é bem tratada, a prática desportiva regular ao longo da vida, com particular relevo na fase de crescimento formativo da adolescência/juventude, deve tornar-se um valor acrescentado, a vários níveis, quer para quem dela usufrui, quer para as comunidades em geral. Os efeitos positivos prolongam-se e divergem pela vida de forma transversal.
Vem isto a propósito da pouca atenção e disponibilidade que algumas colectividades desportivas dedicam às actividades formativas.
Neste domínio, não posso deixar de lamentar e denunciar o desleixo e a falta de vontade de levar por diante uma política assertiva e de justiça, no âmbito da distribuição de subsídios autárquicos/institucionais, em função da prática efectiva e dos números reais. Isto, sem menosprezar a apreciação e valorização de resultados.
Tendo em conta a forma como funcionam e os resultados apresentados é fácil concluir que algo não funciona bem nas nossas estruturas desportivas ao nível institucional/associativo. E não funciona bem hoje, como não funcionou no passado e dificilmente funcionará no futuro, se nada for feito para inverter a situação. E as câmaras municipais, sobretudo essas, têm muita culpa na sustentabilidade desse propósito.
Como é sobejamente conhecido, a situação regional deixa muito a desejar.
Infelizmente, existem casos em que as escolas de futebol não são mais do que o cumprimento de aspectos formais para sustentarem, ao nível de subsídios, processos legais.
E, nalguns casos, mesmo quando existe, o departamento de formação não é mais do parente “pobre” da colectividade. O que é pena.
É determinante entender que um clube só consegue ter um futuro sustentável, se o investimento adequado for canalizado, prioritariamente, para a componente formativa.
Uma coletividade, sobretudo do interior, não pode sobreviver, eternamente, com mercenários da bola, recorrendo à importação frequente, situação que limita o horizonte formativo e evidencia a falta de pensamento criativo e empreendedor da gente que tem à frente. As negligências ao nível formativo e a falta de formação responsável, não potenciam um futuro sustentável. Naturalmente!...

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3501

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