A opinião de ...

Lourenço, taxista em Paris!...

Uma das formas de nos fazermos presentes, de forma positiva, nos meios onde nos envolvemos e na relação com os demais, é vivermos e agirmos com seriedade, disponibilidade, responsabilidade e gentileza, não esquecendo a vontade, o querer e o empreender, o que representa um valor acrescentado para ultrapassar qualquer adversidade que tenhamos de enfrentar.
Ora, vem isto a propósito da forma como eu partilhei momentos da minha recente estadia em Paris, no âmbito da deslocação da Confraria do Butelo e da Casula à capital francesa.
Quando foi programada a deslocação à cidade Luz, aproveitando a disponibilidade do nosso Confrade, Gilberto Rodrigues, também ele taxista naquela metrópole europeia, ficou previsto que um grupo de taxistas portugueses, iriam esperar confrades ao aeroporto, para os transportar para o destino final.
E assim aconteceu. Os voluntariosos disponíveis profissionais do volante, conhecedores da região parisiense, lá estavam hora marcada.
Sem que houvesse qualquer critério de escolha, eu entrei num dos automóveis disponíveis. Confesso que, embora vindo a saber, posteriormente, se tratava de um emigrante de Coelhoso, eu não o conhecia.
Porém, desde logo, me chamou a atenção, pelo trato superior, educado, pela apresentação pessoal, asseio cuidado, pela irrepreensível limpeza do automóvel. Uma representação social, francamente positiva.
Tendo ocupando o lugar da frente, não demorou muito tempo a que se estabelecesse, entre nós, uma conversa de proximidade. Afinal, tratava-se de gente “nossa terra”, disponível para colaborar, na  visita a Paris, sobretudo tendo como principal objetivo a promoção do Butelo e da Casula.
Não demorou muito tempo a perceber os pontos comuns de origem e identidade lusa/nordestina. O Lourenço, pessoa de quem já ouvira falar, releva-se um verdadeiro anfitrião e um cicerone de eleição. As ruas de Paris para ele não têm segredos. Afirmando a sua lusitanidade, procurava dar-nos a conhecer o melhor que podia e sabia. No sentido de criar um ambiente de interatividade positiva, não se inibiu de contar como foi a sua vida ao longo dos 15 anos como emigrante, nem, tão pouco de nos indicar a morada.
Percebi o quanto foi difícil, para este ex-futebolista do Coelhoso, singrar na atividade profissional de taxista, dirigida, sobretudo, a clientes de elite superior em Paris. Das dificuldades em obter as licenças rodoviárias que lhe permitem trabalhar nesse setor de atividade. Percebi como, em terras estranhas, se consegue vencer a adversidade com maturidade e inteligência. O quão importante é saber o que se quer da vida, o que significa persistir…sem desistir.
Mas, compreendi, particularmente, o quanto significa para um transmontano receber gente da sua terra, com ela conviver, fora do país de origem, de forma altruísta e disponível, reconhecimento esse extensivo a todos os outros taxistas lusos.
Por aquilo que consegui entender, o Lourenço, não é só um taxista, muito menos um qualquer taxista em Paris, é um nordestino que reside e trabalha longe, mas que vive a sua terra e a sua identidade. É, sem dúvida, um SENHOR!.. um amigo!... Um exemplo de educação, urbanidade e amizade. Um emigrante que saber ser, estar e viver!...
E neste mesmo espaço me referi. há dias, da lusitanidade, referindo-me ao Conselheiro da Câmara de Paris e ao prestígio inerente, não é menos verdade que o Lourenço, de Coelhoso, como muitos outros "Lourenços, Gilbertos, Zés..." dignificam a comunidade emigrante e Portugal.
E, já agora, que faz 38 anos, hoje, quinta-feira, 04/12/2014, não posso deixar de apresentar ao Lourenço de Coelhoso, os meus parabéns e desejar muita saúde e muita vida, com otimismo e alegria.
Um abraço, amigo!...

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3502

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