A opinião de ...

São Bartolomeu bem de interesse municipal, nas bodas de diamante do escadório [1949-2024]

Celebrar 75 anos [bodas de diamante/ brilhante] seja no casamento, ou no aniversário de uma estrutura edificada, é relembrar os duradouros anos de uma relação, uma etapa atingível por poucos, pelo que requer uma cerimónia com pompa e circunstância. Se no casamento são poucos os que assinalam esta etapa a dois, numa obra a celebração só falha se houver esquecimento, falta de empenho, ou má vontade. Mas, mesmo contra isso há sempre uma solução clássica: contra o esquecimento ofereço esta memória, contra a falta de empenho, apelo a uma maior diligência, contra a má vontade, que duvido que a haja, solicito gratidão e generosidade.
Vem isto a propósito da celebração dos 75 anos da inauguração do escadório do São Bartolomeu de Bragança [1949-2024 – “in” MB, Ano X, n.º 261, 20-08-1949, 4]. Sim, esta obra integrada na tal da Estância de Turismo que se quis projetar a exemplo do Bom Jesus de Braga. Se há algo em que o “escadario artístico” de Bragança se distingue é na sobriedade e modéstia construtiva, contra a monumentalidade arquitetónica do clássico escadório do Bom Jesus do Monte, rivalizando ambos na beleza diversa da paisagem citadina. O escadório de Bragança tem 233 degraus, contra os 573 de Braga, o de Bragança tem 23 patamares, o de Braga 17, o de Bragança tem 69, 60m de desnível, o de Braga 116m. Se o de Braga brilha pela aristocrática abundância de meios e recursos, o de Bragança insurge-se pela nobre e rústica simplicidade, pelo esforço e empenho de uma grande coletividade, que a expensas próprias, “pró bono”, o fez surgir.
O escadório do Santuário do Bom Jesus do Monte, tal como se conhece hoje, surge em 1722, por iniciativa do Arcebispo de Braga D. Rodrigo de Moura Teles e, o de Bragança em 1949 nasce da iniciativa Municipal, levada a cabo por um grande grupo de Mordomos ligados ao Cabido da Catedral e liderados por João da Cruz Dias Parente.
Em julho de 2019 o Santuário do Bom Jesus foi classificado como Património Cultural Mundial da Humanidade pela UNESCO. Por aqui, para já, somos mais contidos. O Cabido da Catedral vai assinalar dentro em breve esta data com a apresentação pública de um livro e a inauguração de uma escultura evocativa. Não seria este também o ano para a edilidade considerar o SÃO BARTOLOMEU como um BEM DE INTERESSE MUNICIPAL quanto à proteção e valorização, no todo ou em parte, pelo valor cultural e pelo significado predominante que tem para este município? No mínimo.Não valerá a pena pensar nisto?

Edição
4004

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