Vaticano

Leão XIV é o novo Papa

Publicado por Ecclesia em Qui, 05/15/2025 - 09:36

O cardeal Robert Francis Prevost, até agora prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito como Papa na passada quinta-feira, após dois dias de Conclave, assumindo o nome de Leão XIV.
O primeiro pontífice norte-americano, de 69 anos de idade, foi missionário e arcebispo no Peru, tendo ainda sido superior geral da Ordem de Santo Agostinho.
O novo Papa nasceu a 14 de setembro de 1955 em Chicago (EUA), filho de Louis Marius Prevost, de origem francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de origem espanhola; tem dois irmãos, Louis Martín e John Joseph.
Passa a infância e a adolescência nos Estados Unidos, estudando primeiro no Seminário Menor dos Padres Agostinianos e depois na Villanova University, na Pensilvânia, onde, em 1977, obteve a licenciatura em Matemática e estudou Filosofia.
Obteve a licenciatura em 1984 e foi enviado para trabalhar na missão de Chulucanas, Piura, Peru (1985-1986)Em 1999, foi eleito prior provincial da Província Mãe do Bom Conselho (Chicago) e, dois anos e meio depois, o capítulo geral ordinário escolhe-o como responsável mundial da Ordem de Santo Agostinho, que exerceu durante 12 anos.
O Papa Francisco criou-o cardeal no Consistório de 30 de setembro de 2023, sendo considerado um colaborador próximo do seu antecessor, tendo sido um dos responsáveis pela gestão do Vaticano junto do Caminho Sinodal Alemão.
Na Assembleia Sinodal de 2024, o agora Papa disse aos jornalistas que os trabalhos propõem uma “nova forma de fazer as coisas na Igreja”, que exige tempo.
“Não devemos esperar soluções instantâneas”, referiu o colaborador do Papa, destacando a passagem de temas tidos como polémicos para os grupos de trabalhos criados por Francisco, em fevereiro do último ano.
Admitindo diferenças de “pontos de vista”, mais do que de divisões, na assembleia sinodal, o novo pontífice referiu, a respeito da participação das mulheres, que as categorias dentro da Igreja “precisam de ser diferentes”, pelo que a sua ordenação sacerdotal poderia “criar um problema” em vez de o resolver.
Para Leão XIV, o debate deve visar um “novo entendimento da liderança, poder e autoridade”, como serviço, na Igreja.
O responsável falou de experiências de sinodalidade já em curso, como viu no Peru, enquanto bispo de Chiclayo.
Entre os ensinamentos que Francisco deixou, salientava, é preciso valorizar “o amor pelos pobres” e o desejo de “uma Igreja pobre, que caminha com os pobres, que serve os pobres”.
A biografia oficial distribuída pelo Vaticano antes do Conclave referia que o novo pontífice fala inglês, espanhol, português, italiano e francês.
São Gregório III, da Síria, que liderou a Igreja Católica entre 731 e 741, tinha sido o último Papa não-europeu, antes da eleição de Francisco, a 13 de março de 2013.
A lista de 265 Papas (e 267 pontificados) da história da Igreja Católica integra 11 pontífices nascidos no Médio Oriente (8), até ao século VIII.
O Anuário Pontifício, do Vaticano, identifica 210 Papas do atual território italiano (109 de Roma), 16 da atual França, 11 gregos (todos até ao século VIII), seis sírios e cinco da Alemanha, o último dos quais Bento XVI, que renunciou ao pontificado.
A lista inclui três pontífices oriundos do norte de África, quando o território dessas dioceses integrava o Império Romano, para além de dois naturais de Israel e Jerusalém, incluindo São Pedro.
Dois Papas da Dalmácia (atualmente Croácia), outros dois de Espanha e mais dois de origem “desconhecida” integram o elenco no qual se contam ainda representantes da Holanda, Inglaterra, Polónia e Argentina.
Entre os bispos de Roma encontra-se o português João XXI, falecido em 1277; algumas fontes identificam o Papa Dâmaso I (século IV) como sendo natural do atual território português.
O último pontífice a escolher o nome Leão foi Leão XIII, Papa entre 1868 e 1903, que se destacou pela sua defesa da Doutrina Social da Igreja, em particular com a encíclica “Rerum Novarum”.
A paz esteja com todos vós”, disse o novo pontífice, desde a varanda central da Basílica de São Pedro, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’, primeiro ato público do Papa, numa intervenção escrita, apresentando-se visivelmente emocionado.
“Queridos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação do Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor, que deu a vida pelo rebanho de Deus. Também eu desejo que esta saudação de paz entre no vosso coração, chegue às vossas famílias, a todas as pessoas, onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a terra. A paz esteja convosco”, acrescentou.
A multidão reagiu com gritos de “Leão, Leão, Leão”, depois do anúncio do “habemus papam”, pelas 19h15 locais (18h15 em Lisboa), mais de uma hora depois da saída do fumo branco da chaminé da Capela Sistina, após dois dias de Conclave.
“Esta é a paz do Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante, que vem de Deus, Deus que nos ama a todos, incondicionalmente”, assinalou.
Leão XIV sucede a Francisco e, tal como o seu predecessor, é do continente americano e pertencia a uma ordem religiosa.
O novo Papa apresentou-se como filho de Santo Agostinho – foi responsável mundial da ordem inspirada por este santo, durante 12 anos – e citou o bispo de Hipona (séc. IV-V): ‘Convosco sou cristão e por vós bispo’. Neste sentido, todos podemos caminhar juntos para aquela Pátria que Deus nos preparou”.
Leão XIV deixou uma saudação especial à Igreja de Roma, da qual é bispo.
A Missa para a “solene inauguração” do pontificado do Papa vai decorrer a 18 de maio, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro.
Um ato de obediência vai ser realizado por todos os cardeais presentes na concelebração, incluindo os que não participaram no Conclave eletivo.
O gesto, previsto nas normas para os cardeais eleitores logo após o novo Papa ter escolhido o nome pontifício, ainda dentro da Capela Sistina, tem uma dimensão também pública e fica aberto a todos os membros do Colégio Cardinalício, como sinal da universalidade da Igreja Católica.

Assinaturas MDB