Sindicato denuncia atrasos no socorro do INEM que levou a uma morte em Bragança
O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, do INEM, denunciou hoje a ocorrência de atrasos no atendimento de pedidos de auxílio, dois deles no distrito de Bragança, com uma das situações a ter como desfecho a morte da vítima, que estava em paragem cardiorrespiratória.
"O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) tem recebido denúncias, diariamente, dos mais variados constrangimentos no que concerne à prestação de cuidados de emergência médica, causados sobretudo pela escassez de Técnicos de Emergência Pré-hospitalar", sublinha o presidente daquele sindicato, o moncorvense Rui Lázaro.
"Os constrangimentos causados pela escassez de Técnicos de Emergência Pré-hospitalar (atraso no atendimento de chamadas nos CODU, meios de emergência médica encerrados por falta de profissionais), são já amplamente conhecidos e continuam a agravar-se sem medidas concretas por parte do Governo. O procedimento concursal a decorrer para preenchimento de 200 vagas será inócuo, sem um combate efetivo à elevada taxa de abandono que assola hoje a profissão", acrescentou.
Rui Lázaro sublinha que "enquanto se assiste ao adiar, por parte do Governo, da adoção" das medidas reivindicadas e consideradas emergentes, "que permitiriam combater a elevada taxa de abandono da única profissão que opera exclusivamente em emergência médica, que supera hoje os 40%, verificamos o colapso de um sistema que deveria ser de excelência e que é um direito fundamental de qualquer cidadão: o acesso a cuidados de emergência médica atempados e diferenciados em todo território nacional".
De acordo com o relato do dirigente sindical, foram registadas nas últimas segunda e quinta-feiras mais de 100 chamadas em simultâneo em espera para ser atendidas. " Num destes períodos, no último dia 31 de outubro [quinta-feira], uma vítima em paragem cardíaca esperou mais de uma hora por cuidados de emergência médica".
Aconteceu em Bragança, com a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) estacionada no hospital de Bragança, situado na mesma avenida em que morava a vítima, que acabou por falecer.
No mesmo dia, "um acidentado grave, por não conseguir ver a sua chamada atendida nas centrais do INEM, acabou na urgência transportado pela filha".
De acordo com fonte dos bombeiros, o homem, de 69 anos, natural de Vinhais, sofreu um capotamento na estrada que liga aquela vila a Bragança. Ainda conseguiu chamar um reboque mas não conseguiu contactar o INEM. Acabaria por ser a filha a transportá-lo ao hospital na sua viatura particular.
O homem apresentava sinais de um traumatismo craniano e queixas na grade costal, entre outras. Ainda se encontra internado no hospital de Bragança.
"Exemplos como os denunciados sucedem-se frequentemente. O baixo número de TEPH [técnicos] a atender chamadas nas centrais de emergência, bem como o elevado número de meios encerrados por falta destes técnicos, tem aumentado e as consequências estão a vista. O STEPH não deixará de realizar as respetivas denúncias até que sejam adotadas medidas concretas para a reversão do “caos” em que os serviços médicos de emergência se encontram", promete Rui Lázaro.
"Os portugueses não podem esperar, os TEPH também não. Para muitos é já tarde demais", conclui.
O Mensageiro de Bragança pediu já um comentário ao INEM a estas situações.