A opinião de ...

Mãe de amor, mãe-coragem

«Teolinda» afirma-se uma mãe orgulhosa e uma mulher realizada. Manifesta orgulho nos seus quatro filhos e na cumplicidade do seu marido na decisão de deixar de trabalhar para amá-los e educá-los, pelo menos até à adolescência deles. Depois, pensará na sua realização profissional. E tem pena de ter sofrido um aborto involuntário: «constituiria uma equipa mista de futebol de cinco, colocando lado a lado os dois géneros».
Conheci Teolinda quando ela, numa sessão recente da Pastoral da Família de Bragança, deu a conhecer a sua história, num misto de coragem e de vontade de que seja um exemplo para muitas outras mulheres e respectivas famílias, em contraciclo com o movimento de emancipação das mulheres, o qual, a maioria das vezes, traz consigo a impossibilidade ou a falta de vontade de ter filhos.
Pensei para comigo que é necessário reverter a perda de natalidade mas não sei se regredir a um passado em que a mulher fica em casa é a boa solução. Acho que a via é a do apoio às famílias. Mas Teolinda não teve medo e diz que não se sente diminuída nem na sua feminilidade nem na sua capacidade de ser mulher-cidadã.
Afirmou claramente que levantar cedo para colocar as crianças na creche/Jardim/escola e chegar a casa para fazer o jantar e deitar as crianças é uma rotina em que não há tempo nem para o afecto nem para o amor nem para a educação. Por isso, acha que tomou a boa decisão, com a cumplicidade do marido a quem designou como excelente pai e marido.
Perguntei-lhe porque optaram por ter quatro filhos num tempo em que quase todos os casais optam por só ter um ou dois. A resposta foi interessante: «porque, em termos de educação, dois é pouco, três é o ideal mas quatro completa o quadrado da perfeição. Ainda por cima, dois rapazes e duas raparigas.».
E, Teolinda, como é de finanças, insisti eu? Sem papas na língua, respondeu-me: «A nossa sociedade cultiva o desperdício. Não são necessárias nem tantas roupas nem tantos brinquedos. Podemos poupar muito dinheiro reutilizando as roupas e os brinquedos e não são necessários brinquedos todas as semanas. O brinquedo, para ser educativo, tem de ter pelo menos um mês de uso para a criança criar relação e imaginário, funcional, relacional, estético e social. Depois, para comer, quem cozinha para dois ou três, cozinha para quatro ou cinco. Cheguei à conclusão de que os dois vencimentos geravam desperdício enquanto que, só um, gera disciplina orçamental e imaginação na gestão.».
Insisti: então é tudo uma questão de fé, de amor e de disciplina? «Sim: o sermos ambos católicos ajuda porque temos um ideal de vida e de amor de todos para com todos. Preferi o amor aos filhos e ao marido a um trabalho desgastante que os privava de estabilidade emocional, de segurança afectiva e de acompanhamento nos estudos. Ver os meus filhos felizes faz-me uma mulher feliz e realizada. Não digo que deva ser assim. Digo apenas que cada um(a) deve encontrar o seu caminho num ideal de amor, de cumplicidade e de segurança afectiva para o que a fé e a esperança cristãs ajudam muito.».

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