A opinião de ...

Ao sabor dos ventos…

Por mais que tentemos procurar o presente no futuro, antecipando o que para aí vem, o relógio, sincrónico, nunca estará do nosso lado. Sabemos apenas que caminhamos eternamente para a mudança, se recuando ou em frente, juízo de cada. De sempre, mesmo depois da invenção da roda e da escrita, o cosmos puxa-nos, suga-nos, deixamo-nos ir sem resistência pois que algo nos diz que bem lá no centro está o gênesis, o começo, a ignição, o princípio e o fim, sendo o fim o íman do qual nunca escaparemos.
A vida, ela mesmo, informa-nos que o imutável está sempre em marcha, nada pára o turbilhão do tempo, o passado avança pelo presente sempre em direção ao futuro, estaremos constantemente em transformação.
As teorias, retóricas, mesmo que cientificamente alicerçadas, serão tragadas um dia tal a magnânima força do universo, de interrogações eternas, onde se guarda o sublime mistério do infinito, sempre longe, apenas à mão de uma fugaz e utópica miragem.
A espoliada classe operária, oriunda do enigmático e indecifrável povo, tem sido espartilhada ao logo dos tempos, suporte de sangrentas ditaduras de esquerda e força motriz de sindicatos parados no tempo, agindo no bolorento passado. A figura do trabalhador, lendário mas real personagem de Marx, há muito que mutou, o fato macaco transfigurou-se, travestiu-se, as vestes colaram-se ao conhecimento e a força muscular, hoje simples prótese, extensão do braço humano, há muito que deu lugar à mente. A mente, centrada no saber, na instrução, na sensibilidade, dispersa-se pelos laboratórios, por gigantes massivamente industrializados, recheados de humanoides robotizados, atrás dos quais se escondem os operários de outrora. Em todo o mundo as empresas dispersam os colaboradores pelas habitações próprias, em ambiente familiar ou numa mistura de gabinetes heterogéneos, espalhados por todo o globo, funcionando em rede.
Aqueles sindicatos, esclerosados, umbilicalmente ligados a partidos políticos, sucumbirão ligados, pois que dependentes apenas do Sector Publico, financeira e de inscritos, não entenderam a mudança há muito em marcha. No futuro, que é agora, os dinheiros que suportarão a velhice de todos virão dos impostos sobre os humanoides que zelarão pelo bem estar da humanidade.
Um grupo profissional, renegando a linha do tempo em que o fio condutor é a mudança, prefere o umbigo em detrimento da vida. De quatro em quatro anos flagelam-se para provarem serem melhores que outros. Nunca lutaram pelo comum a todos os portugueses: colocado, colocado de vez, os créditos apenas interessam para a primeira colocação sendo a troca de local de trabalho, por um querer e em concurso próprio. Com este simples gesto conseguiriam a paz familiar a que têm direito.
Os dados arrogantes e diferenciadores foram lançados no final letivo transato. Vai custar vê-los, desalinhados, de novo nas ruas, usados por um sindicato correia de transmissão. Preferia-os com os pés no chão, eretos, e não Ao sabor dos ventos…

Edição
3754

Assinaturas MDB