Ambientalistas denunciam mina a céu aberto a dois quilómetros de Vinhais
A Associação UIVO, sediada em Vinhais, alertou várias entidades “para as consequências muito negativas” da instalação de uma mina de volfrâmio a céu aberto na localidade de Pentes, na Gudiña (Ourense) a cerca de dois quilómetros da fronteira com aquele concelhio português, que deverá iniciar a laboração em 2026. A zona está próxima do Parque Natural de Montesinho, uma área protegida, e integrada na Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica
A UIVO considera que “esta região portuguesa pode vir a sofrer caso não se acautele, desde já, a elaboração de uma Avaliação de Impacto Ambiental Transfronteiriça - um procedimento obrigatório ao abrigo da Convenção de Espoo, dada a proximidade desta exploração à fronteira, e que não foi acionado pela parte interessada (Junta da Galiza/ Governo de Espanha)”, indica a associação admitindo que “tal omissão poderá configurar uma violação da Convenção de Espoo e do quadro legal europeu aplicável”.
A mina é propriedade da empresa Tungsten San Juan, filial galega da Eurobattery Minerals (Suécia).
O presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes, disse ao Mensageiro que desconhecia o projeto. “Já deliberamos sobre isso para nos opormos e enviamos comunicação para a CCDR, Secretaria de Estado do Ambiente e ICNF”, explicou Luís Fernandes ao Mensageiro.
A UIVo prevê vários impactos negativos da exploração mineira a céu aberto. " Especialmente preocupante é, também, o facto de a exploração mineira ficar junto a dois afluentes do rio Rabaçal, que tem o seu curso quase integralmente em território nacional e que faz parte da bacia hidrográfica do Douro. A contaminação do Rabaçal, onde se fazem captações de água para consumo humano e para a agricultura e um dos dois rios nacionais que ainda possui uma população do mexilhão Margaritifera margaritifera (uma das espécies de bivalves de água doce mais ameaçadas a nível mundial) - é uma possibilidade muito real caso a mina de San Juan entre em funcionamento sem que haja a referida Avaliação Ambiental Transfronteiriça", explicam num comunicado, .
