Diocese

Domingo foi “dia feliz para a diocese” com a ordenação de um novo sacerdote e um diácono

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 07/17/2025 - 09:19

Domingo foi um “dia feliz para a diocese de Bragança-Miranda”, com a ordenação de um novo sacerdote e de um diácono. Nélson Vale, de Carção, no concelho de Vimioso, é o mais recente sacerdote de Bragança-Miranda, ordenado pelo bispo D. Nuno Almeida.

“Com a bênção e intercessão de S. Bento, nosso Padroeiro, vivemos hoje um dia de grande alegria para a nossa Diocese de Bragança-Miranda e para cada um de vós, caríssimos Nelson Vale e Frei John Ryky, com os vossos familiares e amigos”, frisou o prelado.

A celebração decorreu na Catedral, em Bragança, que praticamente se encheu de familiares, amigos e conterrâneos do novo presbítero, que fizeram questão de o acompanhar nesta jornada rumo ao sacerdócio.

“Agradecer a Deus pelo dom da vocação e por todas as graças que fui recebendo ao longo deste percurso. Agradeço a presença da minha família, aos sacerdotes, aos diáconos e aos acólitos. Ao grupo coral da Emídio Garcia, que me tem acompanhado desde que fui instituído acólito, e à paróquia de S. João Batista, onde estive a estagiar durante dois anos. Agradeço a ajuda, o apoio e o entusiasmo que me deram”, disse, emocionado, no final, o Pe. Nélson Vale, dirigindo-se à assembleia de fiéis.

Já antes, durante a sua homilia, D. Nuno Almeida lembrou os ensinamentos da parábola do Bom Samaritano.
“Está diante de nós uma parábola património da e de humanidade. Humaniza-nos. Uma parábola que não podemos parar de escutar; uma narrativa que temos de continuar a amar porque é geradora de humano, porque contém o rosto de Deus e a solução possível para os dramas da humanidade”, precisou o prelado.

D. Nuno Almeida explicou, por isso, que “amar é servir”.

“A resposta de Jesus opera um deslocamento de sentido (quem destes três se fez próximo?) modificando-lhe radicalmente o conceito: o teu próximo não é aquele que tu fazes entrar no horizonte das tuas atenções, mas o próximo sou eu, és tu quando assumimos o cuidado de um irmão ou de uma irmã: não quem amamos, mas quando procuramos amar! 

O samaritano faz-se próximo, derrama óleo e vinho, enfaixa as feridas do homem, carrega-o, ou melhor, transporta-o. Tocar é palavra dura para nós, convoca o corpo, mete-nos à prova. Não é espontâneo tocar o contagioso, o infetado, o chagado. Mas no Evangelho toda a vez que Jesus se comove, para e toca. Mostrando que amar não é um facto emotivo, mas um facto que precisa de mãos, de tato, é concreto, tangível. Amar é servir”, sublinhou.
E é a partir daí que devemos irradiar o amor ao próximo, apontou o bispo diocesano.

“A resposta final e decisiva expressa-se com um convite claro: «Vai e faz tu também o mesmo». É isso que Jesus repete a quem aceita a sua Palavra: tornar-se próximos, tomando a iniciativa de “tocar” as feridas das pessoas que encontramos, no dia a dia, pelas estradas da vida. É o essencial da vida presbiteral e diaconal.

Sempre que, como padres ou diáconos reduzimos, sossegadamente, a nossa ação e atenção à Liturgia, esquecendo a Palavra e a Caridade estamos a deformar o sacerdócio de Cristo. Corremos o risco de nos tornarmos semelhantes ao sacerdote e ao levita (homens do culto) que veem, mas passam ao lado com indiferença. Portanto, a parábola exalta a compaixão de um estrangeiro e denuncia a indiferença de dois homens, ligados ao culto do Templo de Jerusalém”.

D. Nuno Almeida deixou ainda um pedido: “Caros Nelson Vale e Frei John Ryky, não vos contenteis em celebrar a Liturgia das Horas e dos Sacramentos e sacramentais e a piedade popular, mas fazei cristãos adultos no anúncio e no testemunho de Deus-Amor. 
Procurai ser bondosos e dar a vida pelo povo de Deus, pois na ordenação somos “marcados, a fogo, para uma missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (EG 273). 

Da ordenação presbiteral e diaconal decorrem: o primado do dom a reviver em cada dia; o serviço crente à Palavra de Deus; a celebração dos sacramentos; a pastoral da caridade; o ministério da oração; o seguimento de Cristo; a comunhão com o Bispo e com o Presbitério, o serviço a tempo inteiro do Povo de Deus”, apontou.

D. Nuno Almeida lembrou, por isso, as palavras dos dois Papas. “O Papa Francisco e agora o Papa Leão XIV falam muito do “Cenáculo do Presbitério”, como lugar de paternidade e de fraternidade. Precisamos caros Presbíteros e Diáconos de construir juntos muito mais comunhão entre nós. Precisamos de aprofundar a vida no Cenáculo do Presbitério. O caminhar em comum dos presbíteros e diáconos, diferentes na idade e na sensibilidade, difunde um perfume de profecia que surpreende e fascina. 

“Juntos, sinodalmente, - lembrou o Papa Leão XIV há poucos dias ao ordenar um grupo de presbíteros - somos chamados a reconstruir a credibilidade de uma Igreja ferida, enviada a uma humanidade ferida, no seio de uma criação ferida. Não somos perfeitos, mas é preciso ser credíveis!””, pediu.

E, dirigindo-se novamente ao novo diácono e ao novo sacerdote, rogou: “Caro Nelson e Frei John Ryky! Sede bênção para todos. Não acumuleis riquezas pessoais, mas multiplicai o bem ao serviço de todos e em especial dos que mais precisam; não andeis tristes nem fomenteis a murmuração, os mexericos nem a intriga; sede próximos e amigos de todos (crianças, adolescentes, jovens, casais, idosos); visitai sobretudo as pessoas idosas e levai-lhes carinho e ternura; não procureis o poder, o dinheiro, a fama…. sede firmes na fé, alegres na esperança e generosos na caridade.

Sede bondosos e dai a vida pelo povo de Deus; dai tempo às pessoas, não sejais como aqueles que estão sempre ao telemóvel e sempre inacessíveis. Sede queridos ordinandos e sejamos todos nós padres e diáconos: fiéis, felizes e fiáveis”, frisou.

D. Nuno Almeida recordou também que “quem ama não carrega; transporta! Lição do jumento da parábola. Sempre que nos pesar o nosso ministério recordemos que “quem ama não carrega; transporta!””.

E, a propósito do dia de S. Bento, padroeiro da diocese, deixou uma mensagem final: “Como S. Bento, padroeiro da nossa Diocese, sejamos mensageiros de paz e artesãos de unidade”.

Diácono Ricky

Pe. Nelson Vale

Ordenação na Catedral

Assinaturas MDB