A opinião de ...

Bragança em Santarém

 
Na sexta-feira passada iniciou-se o Festival de Gastronomia em Santarém.
É uma manifestação cultural de tomo na qual as diversas regiões do País estão representadas sendo dado realce à herança patrimonial das artes culinárias e ao imprescindível suporte – os produtos. Ora, no referente a tudo quanto respeita ao melhor amigo do homem – o estimável reco – a A. Montesinho tornou-se sinónimo de alta qualidade granjeando prestígio e fiel clientela.
A Dona Maria da Glória e quando é possível o sobrinho Alberto tal como noutros lugares capricham em a todo pretexto salientarem as virtudes e singularidades do terrunho do Nordeste, praticando continuadamente a hospitalidade.
Desta feita ao espaço da Bísaro levei duas individualidades que participaram num debate sobre o que se comia e como se comia em vésperas do 25 de Abril de 1974 em universos circulares: a clandestinidade e a tropa. Pois imediatamente após ter apresentado a médica e antiga presa política Isabel do Carmo, e o “capitão de Abril” Vasco Lourenço, sem afectação, num rápido momento colocou sobre a mesa mimos do porco, pão e vinho obrigando os visitantes a degustarem suculentas vitualhas.
E assim foi, os elogios ao provado não foram de circunstância, a reconhecida embaixadora de Bragança afavelmente os recebeu quase a pedir desculpa por não poder apresentar outras iguarias dada a ausência de condições, mas não deixou de convidá-los a visitarem a cidade oferecendo-lhe literatura e informações de modo a suscitar o seu interesse.
A simplicidade e a simpatia da irmã do operativo Alberto Fernandes produziram grata impressão nos obsequiados provocando-me impante orgulho, e confesso, pecadora vaidade. No referente a refeições o marco bragançano é o restaurante Académico tutelado pela família Machado, o patriarca executa as tarefas de relações públicas, a matriarca imprime dinamismo na cozinha e o filho atende a todos procurando superar as naturais dificuldades em agradar a gregos e a troianos, ainda a esquisitos troianos nestes me incluo.
É que grande número de clientes percorre centenas de quilómetros em busca de comeres sápidos e cujas receitas plasmem a tradição. Ali tomei uma refeição que não paguei, obrigado Senhor Machado, tendo verificado, mais uma vez, quão procurado é aquele espaço representativo da cozinha nordestina. Obviamente, se em Santarém, de bom humor destaco as evidências brigantinas, entendi registá-las em crónica de forma a outros o levarem em boa conta.

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