A chaga das praxes
Ainda ecoam nos ouvidos dos pais das vítimas do Meco o dobrar dos sinos pela trágica morte dos seus filhos e anuncia-se o retorno das malfadadas praxes. Em devido tempo explicitei a razão de detestar a prática de actos humilhantes e tortuosos contra os mais fracos e/ou novatos de uma qualquer instituição só porque e…da praxe. O arremesso do passado coimbrão escorado na praxe não colhe dado o facto de os postulados de antanho terem sido subvertidos sendo os caloiros tratados desprezivelmente mesmo que embrulhados em roupagens feéricas de integração bla-bla-bla, como se eles fossem profundos atrasados mentais. Os nossos tontos de estimação estilo Carlinhos da Sé ou o Zé das Gravatas para não falar do meu parente Laribau caso fossem alvo de alguma tentativa de praxe respondiam a preceito de forma a ficarem marcas na cabeça e costas dos defenestradores de consciências. Se alguém quiser saber o modo de vencer os devotos da praxe leiam o jovem Törless de Musil. Vale a pena.
As coisas são como são, a praxe persistirá, sendo assim e é, atrevo-me a sugerir alterações no seu cânone, não vou invocar o palito métrico, apenas lembro a existência na cidade de elementos culturais de relevância a poderem gerar actos e exercícios de adestramento dos jovens estudantes ao velho burgo do Braganção. A figura do cunhado de Afonso Henriques presta-se a isso, ele será óptimo cicerone da cidadela, assim como a princesa encerrada na Torre, as calças do Gungunhana, além das tabernas e casas de comes que nestas circunstâncias nunca podem ser esquecidas pois de outra forma os jogos históricos provocam tédio e afastamentos. Um relato centrado na toponímica também ajudava os recém-chegados a melhor calcorrearem o burgo, o Dr. Teófilo Vaz autor de um excelente artigo sobre topónimos é professor e acredito na sua predisposição para colaborar. Outros e outros bragançanos abalizados conhecedores dos interstícios do centro histórico podem prestar destro auxílio à Academia, além de a tão gritada integração ganhar largueza e afecto. Não nutro ilusões no poder lograr alguma atenção, a cidadania obriga-me intervir neste prélio – é um combate desigual – na perspectiva de lutar contra anéis de esvaimento da liberdade individual a favor da vontade de alguns, os filhos de Rousseau não vejam aqui nenhuma picada, limito-me a constatar o óbvio. O desvario acomete os grupos ao mínimo soltar da faísca, os populistas nunca abandonam a caixa de fósforos. Eles sabem porquê!