Significado de ‘Católico’
Como é sabido, o Papa Francisco atraiu o ódio de muitos que se dizem católicos, inclusive alguns com vestes sacerdotais, episcopais e cardinalícias. Mas… qual o desvio doutrinal praticado por ele? Tentou apenas repor a observância do sentido ‘católico’ da Igreja! Ora os odientos ignoram ou simulam ignorar o teor da sua filiação religiosa.
O vocábulo ‘católico’ tem uma etimologia com vários significados e uma longa história. A origem é grega: ‘katholikós’. Trata-se da fusão de duas palavras: ‘kata’ (sobre, junto) e ‘holos’ (inteiro, todo, total). A tradução para o nosso idioma é multifacetada: ‘universal’, ‘que abrange tudo’, ‘que reúne ou congrega todos’.
O uso do termo é anterior à fundação da Igreja de Roma. Zenão de Eleia (cerca de 490-430 a.C.), um filósofo discípulo de Parménides e conhecido por mostrar os paradoxos e, portanto, os absurdos e as falsidades das teses que combatia, designava por ‘católicos’ os preceitos universais, ou seja, aplicáveis a todos e a tudo. Aristóteles (384-322 a.C.), que considerou Zenão o ‘Pai da Dialética’, também seguiu igual via e chamou ‘católicas’ às ‘proposições universais’ dos seus conceitos.
A terminologia foi adotada pela religião cristã; aparece pela primeira vez, para descrever a igreja e a respetiva missão, na Epístola de Santo Inácio de Antioquia dirigida aos fieis de Esmirna (110 d.C.). Nela surge a expressão ‘igreja católica’, querendo afirmar a Igreja como configuração do Reino de Deus, que abarca e abraça todos. O imperador Teodósio I empregou a mesma designação no ‘Édito de Tessalónica’ ou ‘De Fide Catolica’, de 27 de fevereiro de 380 d.C., em que proclamou o cristianismo como religião oficial do Império Romano. Em suma, ao assumir a designação de ‘católica’ a Igreja de Roma e a respetiva religião enfatizaram a vocação da ‘universalidade’, de ser ‘universais’, de estar abertas a tudo e a todos.
O Papa Francisco não foi revolucionário; cuidou tão-somente de não trair a ‘catolicidade’ original da Igreja. Proclamou-a e renovou a extensão a tudo e todos, à Casa Comum da Natureza e da Sociedade (Encíclica Laudato Si). No final da ‘Encíclica Fratelli Tutti’ incita os crentes a servir a ‘universalidade’ com esta apropriada oração a Deus: “Que o nosso coração se abra a todos os povos e nações da Terra, para conhecer o bem e a beleza que semeastes em cada um deles, para estabelecer laços de unidade, de projetos comuns e esperanças compartilhadas. Amém!”
(Texto elaborado com dados colhidos na Wikipédia)