A opinião de ...

Parar é necessário

Na terrível e assustadora cavalgada de conflitos que desmesuradamente vai crescendo e que pode comparar-se a uma bola de neve, torna-se imperioso parar. Parar para, como acontece em assembleias desorganizadas, fazer o ponto da situação.
Ora o ponto da situação, como por muitos é bem conhecido, serve para parar com a desordem que se instalou e, serenamente ouvir com atenção aquele que, argumentando sobre o que está a acontecer, normalmente leva a que, com a devida calma, se restabeleça a ordem que de forma turbulenta foi quebrada.
Normalmente, nestas circunstâncias, não prevalece a voz do mais forte, mas sim a voz do mais sensato que, calmamente, fará ver que a balbúrdia criada só levará a que ninguém consiga fazer-se ouvir para apresentar as suas razões.
É o caso, naturalmente claro, de que cada um está convencido de que dispõe de maior poder do que o outro – o que na realidade não acontece. Torna-se evidente, no entanto, que todos pensam que são iguais e todos se reconhecem como livres para procederem como entendem, sem que ninguém os possa proibir.
Contudo, se nas assembleias prevalecem as razões e os argumentos, no caso dos conflitos, aqueles são consolidados pelos que dispõem de mais força.
Sendo assim, os que possuem todos estes poderes (ou a maior parte deles), parece que não mantêm a serenidade suficiente para acabar com o(s) conflito(s) em que deliberadamente se envolveram (não só, creio, enquanto não atingirem os objetivos que traçaram de início ou, talvez, para, como é costume dizer-se, “não perderem a face”). E assim, o resto do mundo vai observando e calando, até ver o que, quando chegar o final de todas estas graves ocorrências, lhe vai caber por herança.
Nestes conflitos aparecem muitos milhares de sujeitos passivos: os que têm fome, os que são apanhados nas malhas resistentes e apertadas dos mortíferos projéteis que lhes caem do alto, aqueles a quem a casa onde vivem e se refugiam é destroçada num instante, os que não têm quaisquer meios para acorrer aos ferimentos que indiscriminada e barbaramente lhes são infligidos, às inocentes crianças que, privadas dos pais (e até de toda a família), são obrigados a sobreviver num chão enlameado ou debaixo de algum abrigo que se formou por efeito dos bombardeamentos, aos idosos desorientados e enlouquecidos pelos atropelos a que estão sujeitos, e aos que procuram desesperadamente acorrer a todas estas desgraças, mas não conseguem obter os meios necessários que facilitem a sua ajuda…
De joelhos e mãos erguidas ao céu, a chorar e a suplicar por ajuda e justiça, há seres humanos que mais parecem escravos após algum castigo a que foram sujeitos pelos seus senhores.
O ressurgimento de impérios parece estar a acontecer em algumas partes do mundo.
Nem por acaso, na sequência do falecimento do já saudoso Papa Francisco, foi eleito há dias, o Papa Leão XIV, cuja orientação doutrinal grandemente se preocupa com a Paz e segue várias linhas do seu antecessor. E mais ainda: vem lembrar-nos a mensagem da encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII – o Papa moderador e conciliador no meio de turbulentas manifestações sociais – cuja superior preocupação, além da Paz, foi a dedicação aos problemas dos humildes e dos pobres.
Parar para refletir torna-se, pois, necessário!

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4037

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