A opinião de ...

O Japão está no meu coração

Li recentemente no facebook, uma notícia que dizia assim:” Correios do Japão fazem emissão de selos comemorativos dos 450 anos da abertura do porto de Kochinotsu pelos navegadores portugueses”. Outra notícia que eu li, também recentemente, foi que numa cidade japonesa em que os portugueses foram os primeiros ocidentais a entrar no seu porto, os japoneses comemoraram esse facto histórico cantando nas respectivas cerimónias, o hino de Portugal e desfraldaram a bandeira portuguesa. Confesso que fiquei muito orgulhoso e estranhei que os nossos meios de comunicação, não lhe dessem o relevo que mereciam. De facto, Portugal foi o país do Ocidente que mais marcou a História do Japão. Fiquei tão entusiasmado que recomecei a reler novamente o maravilhoso livro “O Impacto Português sobre a Civilização Japonesa”, nos séculos XVI e XVII, escrito pelo transmontano (de Moncorvo), Armando Martins Janeira, que foi o diplomata português que mais viveu, no seu tempo, no Japão. Diz-se neste livro: ”Com exceção do Brasil, em nenhum país Portugal exerceu tão profunda influência como no Japão. Em certa época era moda no Japão, sobretudo na capital, Kioto, vestir à maneira portuguesa e até introduzir na conversa palavras portuguesas. Os japoneses adoptaram comidas portuguesas, algumas das quais são ainda hoje dos hábitos de alimentação diária, e usam ainda uma peça de vestuário que chamam jiban, derivada do nosso antigo gibão. (…) Existem ainda no japonês muitas palavras de origem portuguesa ”. Houve, como não podia deixar de ser, uma grande evolução devido ao contacto cultural, assim; “O Japão teve três grandes períodos de importação cultural na sua história: nos séculos V e VI, da cultura chinesa e do budismo; nos séculos XVI e XVII, da cultura europeia através de Portugal e, depois, da Holanda, a partir do século XIX a grande corrente de cultura ocidental depois da forçada abertura do Japão pelos Estados Unidos”. Mas vejamos a nossa influência, a qual é o objetivo principal deste texto.
Os marinheiros portugueses eram, na altura, os melhores do mundo mas chegamos ao Japão de uma maneira não planeada. Na realidade, deu-se por acaso, num junco levado pela tempestade, já nós frequentávamos a China há havia três décadas e chegamos a “outros mundos” porque éramos os melhores do mundo, a “Escola de Sagres”…Lembramos, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães, entre muitos, muitos outros…O documento mais fiel é, segundo o autor, a “ da espingarda, Teppo-Ki” Esta fonte é a mais precisa, pois faz a menção do dia 23 de setembro de 1543, e até ao seu desembarque, na praia de Nishimura Ko-ura, onde os Japoneses “depois da última guerra mundial ergueram uma lápide em memória dos portugueses, e outra à paz no Mundo (…) Os escritores Japoneses são quase unânimes em aceitar a data de 1543”. Mas concentremo-nos no nosso tema, muito sucintamente e falemos de um cronista transmontano, Jorge Álvares.
A estátua deste cronista encontra-se em Freixo de Espada à Cinte, em frente da sua matriz.
(continua na próxima edição

Edição
4010

Assinaturas MDB