A opinião de ...

Aumentar a coesão territorial

A presença militar em Bragança remonta aos tempos romanos, como comprova a Via XVII, uma via militar romana que ligava Braga a Astorga (em Espanha) e atravessava diversos concelhos do distrito de Bragança, entrando no território que hoje pertence a Espanha pela zona da Lombada.
Mas foi no tempo da nacionalidade, com D. Afonso Henriques a procurar fundar um novo país, que a localização do Nordeste Transmontano e da cidade de Bragança em particular ganhou especial relevo pela proximidade com a fronteira com Castela, de quem o primeiro rei português procurava separar este território.
Com uma localização privilegiada na ligação ao resto da Europa, vários reis se debateram, ao longo de séculos, com a necessidade de fomentar a posição militar, com a construção e posterior alargamento do castelo de Bragança (Luís Alexandre Rodrigues, em BRAGANÇA NA ÉPOCA MODERNA. MILITARES E ECLESIÁSTICOS. A RUA, A PRAÇA, A CASA, fala mesmo na demolição de algumas casas para o alargamento das muralhas).
No século XVII, houve mesmo a necessidade de construção de um segundo baluarte, o Forte de S. João de Deus, onde hoje está instalada a Câmara Municipal de Bragança.
Aliada à preocupação com a presença militar neste território (vários dos primeiros autarcas eram membros das Forças Armadas), existia, também, a preocupação com a necessidade de povoar esta região. Por isso, foram vários os decretos régios concedendo perdões a quem se quisesse instalar dentro da vila (Luís Alexandre Rodrigues, em BRAGANÇA NA ÉPOCA MODERNA. MILITARES E ECLESIÁSTICOS. A RUA, A PRAÇA, A CASA), à exceção de crimes como traição, contrafação de moeda e outros considerados graves.
No início do século XX, Bragança mantinha presença militar ativa quer com o Batalhão de infantaria 10 (no castelo) quer com o Regimento de infantaria 30 (no Forte S. João de Deus).
Já nessa altura era constante a preocupação do município em solicitar ao Rei o reforço da presença militar na cidade como forma de a recuperar economicamente.
Uma preocupação que foi sendo constante ao longo de vários períodos, entre os sérculos XIX e XX.
Eis que, em pleno século XXI, a presença militar em Bragança resume-se a pouco mais do que uma memória, com o Museu Militar, o mais visitado do país.
Num tempo em que se fala em coesão territorial, ganham força os apelos ao Governo central, tal como nos séculos XIX e XX, para o reforço da presença militar em Bragança, não numa ótica belicista mas numa lógica de combate ao despovoamento e de reforço da economia local. Já era tempo de tirar lições da história...

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