A opinião de ...

As bolhas, as higiénicas e as outras

Numa excelente reportagem da jornalista Glória Lopes, que pode ler nas páginas centrais, quatro famílias do Litoral radicaram-se temporariamente em quatro localidades do concelho de Bragança, "depois de terem sido selecionadas num total de 1879 candidaturas no concurso Liberdade para Recomeçar lançado pela Câmara Municipal de Bragança, que usou este meio para convidar pessoas de outras regiões e do estrangeiro a vir passar um mês ao concelho com tudo pago para experimentarem a vida no Interior". "São cerca de uma dezena, com idades entre os 30 e os 48 anos, dispostos a novas experiências e a conhecer novas terras."
Ora, as quase duas mil candidaturas a este incentivo da Câmara de Bragança para 'sair da bolha' provam o sucesso da iniciativa. Mas, mais do que isso, provam a avidez que as pessoas que vivem na bolha do litoral sentem em respirar de novo.
Já aqui se escreveu várias vezes que Portugal é um país demasiado centralizado. Numa altura em que se vive o advento das bolhas higiénicas, convém ir desmitificando (e rebentando) as outras, nomeadamente aquela que envolve a capital do país e que parece impedir quem lá está de ver que existe mais Portugal do que aquele que se avista do Terreiro do Paço.
Há muito mais país e muito apetecível e um país com uma população melhor distribuída é um país mais equilibrado, seja na gestão dos seus recursos, seja no investimento desses mesmos recursos seja na qualidade de vida.
Imagine-se um barco salva-vidas, com capacidade para vinte pessoas. Se metade se concentrarem num único ponto de uma das laterais do barco, ele vira-se e afunda. Na melhor das hipóteses, não sai do sítio. É esse o efeito da bolha da capital, nada higiénico para todos os portugueses.

Várias associações do setor da comunicação social escreveram ao Primeiro-Ministro para alertar para a pouca atenção que tem sido dado ao setor, sobretudo neste ano de 2021.
Ao contrário do que muitos pensam (e anseiam), os meios de comunicação não perderam a sua importância para os cidadãos e a procura por notícias continua elevada, segundo uma análise do "Media for Democracy Monitor (MDM) 2021" divulgada recentemente e citada pelo Dinheiro Vivo.
"Apesar das plataformas digitais e de toda a espécie de crises, os meios de comunicação noticiosos não perderam a sua importância para os cidadãos e a procura de notícias continua alta. Os principais média continuam a servir bem as democracias contemporâneas", indicou, em comunicado, o MDM.
De acordo com o estudo, os meios de comunicação lidaram "razoavelmente" com o digital e encontraram forma de manter um "bom nível" de desempenho, apesar dos desafios económicos, políticos e tecnológicos."

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