A opinião de ...

O Papa, a Páscoa e a covid

A Páscoa é, para os Cristão, a celebração mais importante por assinalar a Ressurreição de Jesus Cristo.
Por tradição, o Papa faz a bênção Urbi et Orbi e o mundo escuta com atenção.
Pouco mais de um ano depois de o mundo ter acordado para uma nova realidade fruto do novo coronavírus, o Papa, uma das vozes mais sonantes no mundo atual, não deixou passar, como noutras ocasiões, a oportunidade para assinalar aquilo que considera serem injustiças e desequilíbrios na sociedade.
“Todos, sobretudo as pessoas mais frágeis, precisam de assistência e têm direito a usufruir dos cuidados necessários. Isto é ainda mais evidente neste tempo em que todos somos chamados a combater a pandemia, e um instrumento essencial nesta luta são as vacinas”, indicou, na Basílica de São Pedro, onde concedeu a bênção Urbi et Orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo]", lê-se na agência Ecclesia.
Francisco falou num “internacionalismo das vacinas”, propondo a toda a comunidade internacional “um empenho partilhado para superar os atrasos na distribuição delas e facilitar a sua partilha, especialmente com os países mais pobres.
Por cá, no início desta semana, segundo dados da Direção Geral de Saúde, tinham sido administradas 1.967.727 doses da vacina contra a covid-19 em Portugal.
Ao Mensageiro, a ULS indicou que foram já ministradas cerca de 40 mil vacinas mas apenas 12 mil correspondem a uma segunda dose. Ou seja, dos cerca de 130 mil habitantes do distrito de Bragança (segundo os Censos de 2011), apenas nove por cento da população está completamente vacinada, sendo que estes números incluem os residentes em lares.
O verão, que está já aí à porta, vai trazer um acelerado desconfinamento e uma grande movimentação de pessoas, como já vimos há um ano. A um acelerar do desconfinamento devia corresponder, também, um acelerar do processo de vacinação. Sob pena de chegarmos ao próximo outono com uma imunização muito aquém do desejado e desejável. E outro confinamento estará à porta.

Noutro âmbito, mas ainda falando de injustiças, Vimioso é um dos concelhos de maior risco de contágio no país, de acordo com a fórmula seguida pelas autoridades de saúde. Teve um crescimento de 500 por cento no número de casos nos últimos dias. Num total de... NOVE. Num concelho com 22 localidades, quase 300 quilómetros quadrados e cerca de 4200 residentes. Será que estes mesmos números de Vimioso têm o mesmo impacto se acontecerem no Porto ou em Lisboa? Claramente que não. Então, porquê meter no mesmo saco realidades tão diferentes? Não será esta, também, uma forma de discriminar o Interior, mais uma vez?

Edição
3827

Assinaturas MDB