Ambientalistas preocupados com alteração do estatuto de proteção do lobo na União Europeia

As associações ambientalistas portuguesas estão preocupadas com a alteração do estatuto de proteção do lobo na União Europeia (EU) de «estritamente protegido» para «protegido», aprovada este mês pelo Parlamento a fim de o alinhar com a Convenção de Berna.
Mesmo que não se prevejam alterações à lei em Portugal, Catarina Grilo, dirigente da WWW-Associação Natureza Portugal, acredita que haverá sempre impacto. “O governo português não deverá deixar de implementar medidas de proteção de conservação para espécie, mas a nível político cria um contexto favorável a um relaxamento das medidas de proteção do lobo. Foi isso que aconteceu em Espanha, onde a Norte do Douro, já se reverteu a proibição de abater lobos, que tinha alguns anos”, explicou Catarina Grilo.

Há regiões de Espanha onde o lobo voltou a ser caçado

Com 371 votos a favor, 162 contra e 37 abstenções, o Parlamento Europeu apoiou a proposta da Comissão Europeia para uma alteração específica da Diretiva Habitat, de modo a alinhar o estatuto de proteção do lobo da UE com a Convenção de Berna, que tinha surgido na sequência da ação do Parlamento em novembro de 2022, segundo um documento a que o Mensageiro teve acesso.
A ambientalista considera que “Portugal pode não o fazer diretamente, mas Espanha já o fez. Os lobos não reconhecem fronteiras e movimentam-se no território e a espécie pode ser afetada no nosso país”, acrescentou. Em Portugal o lobo-Ibérico é protegido por lei desde 1988 e a única espécie com legislação específica.
Segundo a proposta apresentada pelo Partido Popular (PP) espanhol, em março, para retomar a caça ao lobo, votada a favor pelos partidos Vox, Juntos pela Catalunha e Partido Nacionalista Basco, estes matam cerca de 14 mil ovelhas e cabeças de gado por ano, em Espanha gerando 14 milhões de quilos de restos de carne em desperdícios.