A opinião de ...

Filistinistas

As próximas eleições para a escolha do líder que nos vai governar a sós ou comandita, mais uma vez, estão a revelar o exacerbado filistinismo de analistas e comentadores da nossa praça, não da canção do poeta Alegre, sim da verborreia das paixões enganosas na maioria das vezes a ilustrarem a acuidade da máxima inglesa: «as pessoas recebem dolorosas desilusões por muito se iludirem».
Os ditos especialistas em debates não conseguem desembaraçarem-se dos alamares predilectos exibindo pulsões baseadas no Acho, acabando a achar aquilo que lhes interessa, que gostam ou lhes sopraram aos ouvidos, emprenhando pelas orelhas, como é hábito dizermos quando os onzeneiros de vários tipos de interesses acham oportuno.
Os recentes debates/embates o demonstraram à saciedade. Os bonzos dos dois sexos exibiram sem qualquer espécie de rebuço quão ingente foi a exalação dos aromas de filistinismo, chaga que também se mostrou evidente na moderação dos ditos confrontos verbais levados a cabo pelas televisões no piedoso desejo de as pessoas ficarem donas de melhores conhecimentos para votarem em «consciência» como se soi dizer. A senhora Clara de Sousa e o senhor João Adelino Faria esburgaram até tutano o osso do filistinismo, misturando a viciosa vaidade de presunção de opinar sobre tudo e todos, nunca esquecendo o referido filistinismo dos veios ideológicos que animam os seus cérebros e corações.
Numa época onde impera a iliteracia resultante da absorção do conteúdo de vulgatas repletas de frases feitas, chistes e desqualificações, temos de ficar em guarda de forma a não sermos contaminados.
O ora falas tu, ora falo eu durante vinte e cinco minutos favoreceu o vendedor de banha da cobra embora o eléctrico palavroso tenha diminuído à medida que as pilhas (não Duracell) foram perdendo eficácia para bem de todos, no mais só no debate dos debates ente António Costa e Rui Rio houve oportunidade para cada qual explanar e defender os seus propósitos de governação deste pobre País, periférico e pouco dado a defender o nosso futuro, o anexim vão-se os anéis ficam os dedos o comprova exemplarmente.
Nessa intensa pugna Rui Rio levou a melhor, no entanto muita (pouca) água vai correr debaixo das pontes, a campanha amputada do concurso de melhor puré de batata e carne assada, irá desenrolar-se sob a ameaça da contaminação pandémica, o medo de contaminação poderá condicionar o acto de votar, espero que não, por isso mesmo, o Poder, os poderes têm de se empenhar na criação das condições de todos poderem exercer o seu direito de voto. Irei votar, receoso, mas resoluto. Mesmo no salazarismo votei, nulo e com uma pequenina gota de óleo no pequeno rectângulo. Como? Numa próxima crónica explicarei o método.

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