A opinião de ...

Dá que pensar... (ou devia dar) (I)

Não escrevo para o Núncio Apostólico.
Não escrevo para o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Não escrevo para o Bispo da Diocese de Bragança/Miranda
Não sou candidato ao Cabido Diocesano.
Escrevo, apenas e tão só, para que todos possamos pensar qual o futuro que nos espera em função da realidade que nos rodeia.
Tenho acompanhado o Bispo da Diocese na sua visita pastoral, na Unidade Pastoral de S. Bento. Que, como sabem, engloba 65 aldeias do concelho de Bragança.
Não vou referir-me ao absurdo da sua criação. Já o fiz a quem de direito e no local apropriado que não é aqui.
Em todas as aldeias por onde passou, o Bispo da Diocese, foi recebido com alegria, com respeito e com carinho, por todos. E o Bispo Diocesano, com a humildade cativante e contagiante mostra a todos que, apesar do abandono a que o Estado nos votou, a Igreja envia o Bispo a dizer-nos “a Igreja nunca vos abandonará”.
A verdade e a realidade mostra-nos que os políticos e os governantes só passam (quando passam) de 4 em 4 anos por nós, porque querem ( e precisam ) que votêmos neles. E, aí, com muitos cumprimentos de mão ( que logo a seguir vão lavar ) e muitas palmadinhas nas costas, vão dizer-nos “uas pantminices” sem lógica e sem sentido muitas vezes. E depois desaparecem. Por isso e por causa disso é que têmos a realidade que nos cerca, que nos esmaga e que nos condiciona. E da qual se deviam envergonhar.
Também é verdade que vão dando “uns tostões” antes das eleições. Para comprar o boto, para condicionar o boto e para, no recanto do seu comodismo infeliz e triste, ficarem todos contentes porque pensam que “com papas e bolos se enganam os tolos”.
E o resultado desta política snob e pedante faz com que haja aldeias sem Igreja, mas aonde construíram cemitério.
Aldeias sem acessos dignos, sem estrada asfaltada, mas com caminhos de terra batida abertos pela natureza e pela mão humana.
Em 2024...
50 anos depois do 25 de Abril de 1974...
Aldeias com menos de 50 pessoas. Muitas. Aldeias sem saneamento básico e com condutas de água em fibrocimento. Algumas. Mas com 8, 9, e 10 casas de AL legalizadas e a funcionar. Aldeias sem crianças e sem jovens porque os seus pais tiveram de sair para poderem criá-los e educá-los noutros lugares.
Aldeias aonde não se vê um símbolo, sequer, da presença do Estado.
Aldeias que o Estado nem sequer sabe que existem e que lá vive gente, que lá vivem pessoas e que, ali, há seres humanos.
Aldeias que “nem tugem, nem mugem”. E se “tugem” de 4 em 4 anos é porque mugem os botos para alguns, nas eleições.
Haveria mais coisas para denunciar e dizer mas diz o “pobo” que “um mau recado nua cara sin bergonha é cmo couce dum burro nua parede” já que a revolta e indignação são nascente que estas não secam...
Mas é este o Estado que se quer laico, que quer um país laico e que quer um pobo laico... nem que seja à força.
Estado este que “enche a boca” com a separação de poderes entre o estado e a igreja.
E, depois, não percebe que os cidadãos não o respeitam, não confiam nele e não acreditam nele, mas que faz tudo para que esses mesmos cidadãos, também, não respeitem a Igreja e, se possível, se afastem da Igreja o mais possível e cada vez mais
E este comportamento do Estado mostra que tem alguns seguidores, infelizmente.

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