A opinião de ...

Habituem-se... (III)

Estamos a iniciar um novo ciclo político depois de 8 anos com maiorias politicas e parlamentares à esquerda. 8 anos de confusões de desculpas e argumentos ideologicamente convenientes.
Entre 2015 e 2019 – 4 anos – a culpa de tudo o que estava mal era da troika de Passos Coelho e do governo anterior. Mas escondiam que quem tinha trazido essa «famigerada» troika tinha sido José Sócrates e o PS .
A maioria de esquerda – PS; PCP; BE; PAN e LIVRE- haviam sido derrotados por esse «tenebroso» Passos Coelho que havia vencido ou legislativas de 2015.
Mas para se vingarem do povo que não havia votado neles «tocaram o pobo» e todos juntos formaram a geringonça que governam entre 2015 – 2019. E passaram 4 anos a «malhar na direita», no governo anterior e em Passos Coelho, vencedor das legislativas de 2015.
Em 2019 o PS elegeu 108 deputados, o BE 19, o PCP 12, o PAN 4 e o Livre 1 deputado. Havia, assim, uma maioria de esquerda de 144 deputados. Assim, continuámos a ter uma maioria de esquerda mas já sem geringonça, que nos governou até 2022.
Aqui o discurso das desculpas mudou «um poucochinho». Agora a culpa já não era do «governo anterior» meu continuava a ser da troika e Passos Coelho.
Ou seja, durante 8 anos a esquerda – toda a esquerda – viveu agarrada ao fantasma de Passos Coelho.
Como Pilatos, o BE e o PCP renegavam a geringonça e o PS mesmo antes que o galo cantasse ou até nem precisavam que houvesse galo. E o resultado está à vista.
Hoje precisamos de um táxi de 9 lugares para levar os deputados do PCP e do BE para o parlamento, que pode ser conduzido com carta de ligeiros. E acabou a maioria de esquerda no parlamento.
Mas não pode haver uma maioria de direita no parlamento .
Eu penso que estes «patuscos» de esquerdo devem ter feito umas viagens (de borla) à Nicarágua e à Venezuela para se inspirarem em Daniel Ortega e Nicolás Maduro. O 1ª prende bispos, padres, religiosos e todos os que não concordam com ele. O segundo manda prender os adversários e não os deixa candidatar contra ele.
Alguém dizia em 1976 «la nuestra democracia es una m.».
Hoje digo eu, com o devido respeito «la nuestra esquerda es una m.».
Os democratas (de esquerda?) do Livre dizem «nós queremos diálogo com todos» mas votamos contra AD; o PSD, o CDS e a IL. Votamos contra tudo que venha desse lado. E dizem isto muito depressa e nem gaguejam.
O PCP continua a falar «do nosso povo» que foge deles como o diabo da cruz, «dos trabalhadores e da classe operária» que cada vez aparecem menos nas manifs que eles organizam, contra os grupos económicos e financeiros e os capitalistas. E continua a ser o partido dos «portanto»... cada vez somos menos, cada vez nos ligam menos, cada vez temos menos deputados e «portanto» qualquer dia ninguém quer contar connosco.
O BE começou também, a fazer o mesmo caminho do PCP mas como gostam muito «de coisas boas» e como «esquerda caviar» que gostam de ser vão-se entretendo a discutir se será melhor, eleitoralmente, estar contra a esquerda do Hitler ou contra a direita de Pinochet. Vão gozando umas «feriazitas» nos AL do Robles ou na Quinta do Lago.
Ah, é verdade, entre 2016 e 2024 quase não houve fuga de informação da Autoridade Tributária para os jornais e televisões. Mas se o ex-presidente do Sindicato dos Impostos não se reformou como deputado do BE se calhar, a partir de agora volta haver.
A boa maneira galega digo e todos «sentidiño»

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