A opinião de ...

Batalha naval... num mar de “equívocados”

Todas as batalhas navais da história tiveram sempre a imensidão dos oceanos como o cenário natural para o seu teatro de operações.
Foi aí que um número incontável de bravos marinheiros, em guerras sem igual e sem quartel, em condições adversas e contra inimigos de toda a espécie, se cobriu de glória para toda a eternidade, enfrentado, com desprezo das próprias vidas, para além da força e da raiva dos inimigos, a força indómita das águas revoltas dos oceanos.
Mas isso…era antigamente. Era difícil? Com certeza que era, mas era aí que, corajosamente e sem equívocos, se revelavam os verdadeiros heróis.
Passaram milénios entre as primitivas jangadas, as pirogas, os contra torpedeiros, os submarinos nucleares e as armas de destruição massiva que, anos a fio, foram impondo a lei da força até aos nossos dias.
Agora, quando se pensava que estava tudo descoberto no universo das guerras navais, surpresa das surpresas, no país da Padeira de Aljubarrota e do transmontano Milhões das terras de Murça, este paizinho já classificado na Europa como “um sítio” da península, vinda do nada, surgiu na semana passada a nova especialidade de fuzileiros navais, vocacionados para desencadear batalhas navais em Lisboa, movendo-se como heróis no remanso dos gabinetes junto ao Tejo e chafurdando à solta nos mares de equívocos que para eles próprios inventaram.
Não fora a estrema gravidade dos acontecimentos recentes, e tudo se resumiria a mais uma das muitas “Óperas Bufas” à italiana encenada pelo governo sempre que “mete o pé na poça” e, segundo a candura da explicação da presidência da República, resumir-se-ia tudo a um inocente rol de “equívocos suscitados a propósito da chefia do Estado Maior da Armada”, situação que, de resto, tentaria desvalorizar em S. Tomé e Príncipe, dizendo secamente que “não tinha mais nada a dizer sobre essa matéria” e, tentou proteger o ainda chefe do E. Maior da Armada, destacando a sua “lealdade institucional”. Mas, neste contexto, soa a oco a oportunidade de lembrar aos presumíveis distraídos que “a palavra final é do Presidente da República” e falar no “envolvimento do almirante Gouveia e Melo, numa situação que pode parecer um atropelamento de pessoas ou de instituições”.
Passada mais de uma semana sobre esta crise, depois do quase nada que foi dito e do ainda menos que foi feito para a superar, perante a estrema gravidade dos danos causados a todos os níveis por este autêntico míssil teleguiado contra a nossa democracia, para evitar que a onda de choque e os estilhaços façam mais estragos, sem sofismas nem meias palavras, o país exige saber tudo o que esteve por trás desta vergonha, tudo o que esteve na sua génese, desmascarando os seus estrategas e obrigando-os a arrostar com as consequências dos seus atos, evitando que, como tanto gosta de fazer o atual governo se tente passar a ideia de que tudo se resumiu a um “inocente equívoco”, e fique tudo “em águas de bacalhau”, porque de desvalorizar equívocos a transformar-se em equívoco vai um salto de pardal.

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