A opinião de ...

Um raio de esperança

Por vezes, o desânimo e o medo completam-se para destruir as mais legítimas ambições que o homem procura alcançar.
Quando, depois de lutar com todas as forças, e ao fim da luta, não conseguir atingir o objetivo que me propus encontrar, é natural que o desânimo comece a tomar conta de mim.
É nesta altura que faz todo o sentido revelar a minha situação a quem me possa ajudar – naturalmente, e em primeiro lugar, aos meus familiares, como muitas vezes tem acontecido com pessoas minhas conhecidas. Mas, se os meus familiares, apesar de lamentarem comigo o estado de espírito em que me encontro, (dispondo-se, entretanto, a apoiar-me moralmente no caminho que tiver de percorrer), não conseguirem dar-me a ajuda de que preciso, tenho ainda alguém a quem recorrer – naturalmente também, e em segundo lugar, aos meus amigos.
Sendo a ajuda dos meus amigos a última esperança para a resolução da minha situação, não vou perder tempo em contactá-los, pois tenho a certeza de que encontrarei neles a ajuda de que preciso.
Pode acontecer, porém, que aqueles que penso compreenderem-me, de um dia para o outro, venham a sofrer qualquer percalço, por exemplo, uma despesa inesperada, um qualquer desentendimento familiar, ou o agravo dalguma doença!
Então, é esta a altura de tentar refazer o objetivo que tracei. Mas, entretanto, se as circunstâncias do meio em que me encontro se alterarem significativamente para pior, serei forçado a desistir de vez: deixarei de perseguir qualquer objetivo que penso me seria benéfico. É este o momento de começar a ter medo! É este o calvário em que viverei! Nele, irei arrastando a vida como puder, sempre com o receio de, algum dia, não saber o que irei comer no dia seguinte.
Vou, pois, suportar com resignação o modo de vida que a vida me permitir. Resistirei, embora ferido. Caminharei, embora cambaleante. E, mesmo que doente e faminto, não irei deixar que as fracas forças que me restam me abandonem: não quero ficar sozinho.
E assim continuarei, porque sei que esta situação há de passar. Procurarei fazer com que reviva o bem que me tem acolhido e me tem dado forças para prosseguir. Hei de voltar a ver-me feliz, hei de encontrar a vida que hoje me foge. Tenho fé que assim há de acontecer.
Nesta certeza, vou conseguir terminar com alegria a quaresma da minha vida.
Aproxima-se a Páscoa, o dia da Ressurreição do Senhor.
Na verdade, há sempre um raio de esperança a iluminar o nosso caminho.

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