A opinião de ...

Reino Maravilhoso desconhecido País empobrecido!...

No mínimo, uma olhadela a um jornal diário é, para mim, quase indispensável. Com uma leitura mais ou menos pormenorizada, de um ou outro texto, diria que, estar minimamente atento ao mundo mediático/jornalístico, é um hábito quotidiano.
E foi precisamente no domínio da leitura que, no passado Domingo, 21/06/2015, dei com um pequeno apontamento/reparo, na revista Notícias Magazine. Pela curiosidade de o ler e pela e importância que acabei por lhe atribuir, depois de o ter feito, não resisti a transcrever. No fundo, pode dizer-se que traz nada de novo, nem acrescenta nada ao que nós, sobretudo aqueles que aqui vivemos, trabalhamos e assumimos a identidade com esta região, não soubéssemos. Porém, sendo escrita e assinada por um cidadão de Felgueiras, tem, na minha opinião, outro sentido valorativo. Aqui vai, então.
“Reino Maravilhoso. A UNESCO classifica a região transfronteiriça do Nordeste Transmontano, com as províncias de Zamora e Salamanca, Reserva da Biosfera Meseta Ibérica. A maior reserva da Europa. Miguel Torga chamou-lhe Reino Maravilhoso com todo o sentido e saber na sua definição. Não devia ser necessário chegar a UNESCO, ou estrangeiros a Portugal para reconhecer o que nós tivemos desde sempre e nem sempre soubemos dar o devido valor. Como é possível que tantos portugueses gastem fortunas a viajar por todo o mundo e não façam a mínima ideia do verdadeiro paraíso que existe no seu próprio país? – António José Leite – Felgueiras.”
Mais palavras para quê, direi eu?!... Pois, na verdade, este português de Felgueiras vai direitinho a um dos graves problemas que sentimos e vivemos neste país. Tão pequeno, quanto desconhecido, o seu território e as suas maravilhas naturais, que uma boa parte dos portugueses não valoriza, procurando conhecer outros, tantas vezes, longínquos locais.
É certo que a cada um lhe assiste o direito de gozar férias ou conhecer o que lhe apetecer. Mas também não é menos verdade que nunca seremos completos e estaremos sempre amputados nas nossas vivências e no nosso conhecimento, se não tivermos o discernimento e capacidade de conhecer a nossa pátria, a nossa riqueza patrimonial, natural, histórica e cultural, as nossas gentes e as suas sementes.
Para um elevado número de pessoas do litoral, conhecer o interior é pouco interessante e, por isso, desmotivante. Ora essa postura leva-as a mergulharem num atrofia de conhecimento e de uma transversalidade de vivências, que nunca recuperarão, mesmo que conheçam o resto do mundo, deixando de fora este interior e toda a região.
Mas também estou convicto que haverá alguns auto-intitulados “novos-ricos e chiques” nordestinos, de nome, que se aperaltam, todos os anos, para irem passar férias longe daqui, sendo desconhecedores das belezas e das riquezas da sua própria terra. Para alguns, armados em eruditos/ricos, até dá a ideia que se as férias não acontecerem fora da região, lhe caiem os “parentes na lama”.
Há, pois, tanto para melhorar, neste e noutros contextos potenciadores do progresso e desenvolvimento integral, nacional. Melhorar as convicções de cidadania solidária, de unidade territorial de equilíbrio nacional global, que contribuam para edificar um país mais forte, sustentado numa sociedade civil internamente mais ativa e contributiva para o bem-estar de todos.
Um esforço que devemos estar obrigados a fazer. Pois o argumento de interior, dito pobre e desfavorecido, não deve levar a que nos mantenhamos indefinidamente fechados à promoção das regiões mais desfavorecidas.
È necessário que fortaleçamos o caráter e a determinação para conhecer o país onde nascemos, onde habitamos e trabalhamos, aculturando-nos com influências positivas e posturas de conhecimento ativas…até por uma questão de educação cultural, ambiental, gastronómica e turística participativa.

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3530

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