Nordeste Transmontano

Bragança recebe comemorações do Dia da Força Aérea em 2023 com olhos postos numa nova base

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2022-10-20 10:39

Cheguei à guerra eram 7h00 da manhã, estava a guerra ainda fechada. Estava à porta uma senhora a vender castanhas.”
Era desta forma que Raul Solnado contava a rábula da guerra de 1908, uma das mais famosas do ator e comediante.

Na passada quinta-feira, em Bragança, realizou-se a atividade “Alista-te por um dia”, que aproximou as Forças Armadas dos estudantes da cidade.

Depois de uma sessão de perguntas e respostas na Secundária Emídio Garcia, seguiu-se uma série de atividades no castelo de Bragança, no Museu Militar.

“É uma atividade inserida no plano de divulgação das Forças Armadas, em que convidamos os jovens do quarto ano da cidade a participar em várias atividades, como educação física ordem unida, uma exposição sobre a I Grande Guerra e quais os contributos de Bragança, introdução ao tiro com arco e flecha, a evolução da bandeira nacional e equipamentos de realidade virtual da Marinha, do Exército, e outros equipamentos para os jovens ficarem mais introduzidos no que é a missão das Forças Armadas e as potencialidades que demonstramos hoje em dia”, explicou o Tenente-Coronel Rodrigues, Diretor do Museu Militar.

Ao final da manhã, dois caças F16 sobrevoaram a cidade, cortando os céus com o barulho dos jatos.

“Gostei que as naves da guerra passassem no céu. Foi muito divertido. Por momentos, pensei que estávamos na guerra a sério”, comentava, ainda empolgado, André Geraldes, de nove anos.

Ao longo de todo o dia, as crianças do quarto ano das escolas da cidade puderam ter um contacto mais aproximado com o trabalho desenvolvido pelas Forças Armadas portuguesas.
“Esta atividade é extraordinariamente importante. É um privilégio para mim poder estar aqui hoje a representar as FA portuguesas. Esta iniciativa traduz-se no tentar mostrar aquilo que somos como sociedade, o que as Forças Armadas fazem. É uma educação cívica que começa com os jovens do quarto ano, do nono, do 12.º. É importante para conhecerem o que as suas forças armadas e dos seus pais fazem no seu dia a dia.

Estão ao serviço das populações, na salvaguarda do bem.

Nos incêndios florestais, as FA estão do lado das populações, a combater ao lado dos bombeiros. É um imperativo nacional. É bom que desde jovens conheçam e possam participar dessa grande divulgação, que importa saber no âmbito da nossa cidadania”, frisou o General João Cartaxo Alves, Chefe de Estado Maior da Força Aérea.

Esta iniciativa acabou por ser o pontapé de saída para as comemorações do Dia da Força Aérea, que em 2023 vão decorrer em Bragança, a 01 de julho, com a celebração do 71.º aniversário daquele ramo das FA.

“A partir de 1 de janeiro vamos ter uma série de iniciativas m conjunto com o Município, quer ao nível científico, na partilha de conhecimentos, de experiências, mas também vamos ter uma mostra a partir de 1 de julho, durante 15 dias, de aviões que ficarão estacionados na cidade, para que as pessoas possam ver, mexer, e possam perceber o que é a sua Força Aérea. Vamos promover concursos em todos os escalões nos AE do distrito, vamos ter vários concertos pela Banda da Força Aérea. Vamos ter um Festival Aéreo, com aviões incluindo os mais modernos.

O KC390, a aeronave mais recente da FA, fará a primeira aparição aqui no Festival. A partir de 2023, Bragança vai ser a cidade da Força Aérea”, revelou.
Para Hernâni Dias, o presidente da Câmara de Bragança, esta será uma oportunidade para “um retorno importante para a cidade.
“Queremos criar um verdadeiro ambiente de comemoração.

Haverá um festival aéreo no dia seguinte. Entendemos que Bragança terá um retorno importante com a presença da Força Aérea, numa perspetiva de criar oportunidades para os nossos jovens. O que não se conhece, não se ambiciona.

Estamos convictos que a outros níveis, com a presença de mais de 500 militares, com a passagem de vários aviões”, a cidade possa ganhar e seja possível “tirar o máximo proveito, quer ao nível da promoção do território, quer até a nível económico, com a presença de muita gente que há de vir a Bragança, até espanhóis”.

Hernâni Dias entende que a realização deste festival não é impeditivo da realização do Careto AirShow, que habitualmente o Aeroclube de Bragança organiza na mesma altura.
“Não creio que inviabilize. As coisas podem ser compatibilizadas. Vamos reunir com o aeroclube no sentido de perceber se há possibilidade de haver essa compatibilização.
Há essa possibilidade desde que se perceba da forma como tudo deve ser organizado.

Até pode haver poupança de recursos”, sublinhou.

Hernâni Dias considera que esta pode ser uma oportunidade para trabalhar a coesão territorial.

“Há a necessidade de poder, por essa via, o próprio país criar a chamada coesão territorial. Nada melhor do que passar a investir na localização, no nosso território, por exemplo, de uma base aérea, que teria espaço para crescer, até porque temos uma infraestrutura que facilitava essa instalação.

Como tem vindo a público a necessidade de reorganização das FA, mesmo ao nível da Força Aérea da deslocalização provável se o aeroporto internacional vier a ser construído num determinado ponto do país. Porque não essa oportunidade para Bragança?”, questiona o autarca.

O General João Cartaxo Alves admite, também, ser favorável a uma maior presença das Forças Armadas no Nordeste Transmontano.
“Concordo mas o dispositivo de forças é aprovado pela tutela. Não sabemos como será o futuro”, sublinhou.

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