A opinião de ...

O Japão está no meu coração

(continuação da edição anterior)

Diz assim a sua estátua “Jorge Álvares, Navegador e Primeiro Cronista do Japão”. Na verdade este Jorge Álvares a que me refiro era: ” um rico mercador português que, em 1544, foi ao Japão com Fernão Mendes Pinto e que escreveu «Informação do Japão», a pedido de São Francisco Xavier”. Os japoneses, apesar da diferença das culturas, tinham os portugueses como homens de bem, com visão e coragem. Há aqui um ponto que desejo esclarecer, vejamos o que nos diz o nosso autor: “Uns historiadores crêem que Jorge Álvares, primeiro português que foi à China, em 1514, é diferente do Jorge Álvares que foi ao Japão (Artur Basílio de Sá - Jorge Álvares, Quadros da Sua Biografia, Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1956, p.14); outros historiadores crêem tratar-se da mesma pessoa:”. Para mim, serão a mesma pessoa uma vez que, para além do nome, ambos terão nascido em Freixo de Espada à Cinta, o que acho muita coincidência, mas os peritos que se pronunciem…também é bom ler o que escreveram Luís Filipe Barreto e Manuela Oliveira Martins, no seu texto, sobre este assunto, na Fundação Jorge Álvares. Um texto a ler,…mas vamo-nos concentrar em Armando Martins Janeira (muito sucintamente). No seu citado livro, página 39, escreveu: “Um certo número de semelhanças nos caracteres de Portugueses e Japoneses dispunha-os naturalmente ao entendimento. Alguns autores têm visto pontos comuns no sentimento da honra português e japonês; eram pelo menos iguais no ponto extremo de antes perder a vida que a honra. Há também pontos comuns nas alternativas de orgulho e humildade, de autodomínio e de exploração, que não sendo evidentemente nos mesmos graus mostram no fundo semelhanças (…) Estes caracteres comuns tornaram desde o princípio as relações fáceis e os contactos amigáveis, sempre na base de certo respeito mútuo que impediu, por exemplo, que os Japoneses tratassem jamais os Portugueses com a sobranceria com que trataram depois os Holandeses”. De facto Portugal e o Japão influenciaram-se mutuamente. Como escreveu o autor citado: ”Vimos o imenso impacto de Portugal na civilização japonesa. Nenhum outro país, com excepção dos Estados Unidos no período curto que vem desde a última guerra, exerceu tão profunda influência sobre o Japão. Em nenhum outro país, exceptuando o Brasil, e as nossas antigas colónias africanas, a influência portuguesa foi tão profunda e vasta.” Foram largas dezenas de palavras portuguesas que foram introduzidas na língua japonesa, assim como muitas palavras japonesas foram introduzidas na nossa língua. Confesso que tenho que visitar o Japão. Despeço-me, citando Carlos Branco Morais: “A todos eles, “arigatô…dômo arigatô – gozaimasu” (obrigado…muito obrigado)!”

Edição
4011

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