A opinião de ...

Matematicamente pensando: Ideias em tempo de crise

Vivemos mais uma vez dias de alguma indefinição relativamente ao futuro coletivo. Estas situações são cíclicas, tornando-se mais frequentes quando as dificuldades sociais e económicas do país aumentam. Assim, em Portugal fluem um conjunto de ideias, principalmente em torno de quem nos governa ou nos pode vir a governar, que sem poderem ser minimizadas ou ignoradas, devem ser pensadas e questionadas, com a pergunta que me parece completamente fácil de entender e muito difícil de lhe dar resposta. A pergunta é: “O que acontecerá se …?” É urgente completá-la e experimentar, mesmo que seja no campo teórico, algumas respostas.
Todos os portugueses, e de um modo muito particular os que estão no Governo ou na oposição em cargos de decisão, podem fazer o exercício de admitirem respostas, ignorando a cor da camisola política e pensando no futuro coletivo, “O que acontecerá se a assembleia da república for dissolvida? O que acontecerá se houver eleições e não houver maioria absoluta de um só partido ou do entendimento de vários partidos? O que acontecerá se este Governo voltar a dar sinais de fragilidade?
Não podemos esquecer que é muito fácil construir a verdade, assim como negá-la. Por isso qualquer partido consegue mostrar as suas verdades, assim como exibir as ditas mentiras dos adversários. No entanto, o tempo continua a passar e as indecisões a afundar o país. Sempre tive o maior respeito e admiração pelas pessoas que se disponibilizam a trabalhar em prol do bem comum, mas esse trabalho necessita de preparação, o que nem sempre acontece. A vida política exige experiência e dedicação, mas não tenho dúvidas que com eleições, ou sem elas, os atores políticos não vão diferir muito, em cada um dos partidos, dos que se apresentaram às últimas eleições legislativas. Por isso, numa fase em que tudo está em aberto e com estabilidade na assembleia da república que permite diversos acordos e combinações partidárias, não me parece adequado que as forças políticas não se entendam, no sentido de darem segurança ao país e tornarem o dia de amanhã mais previsível.
Se houver eleições já, quais são as linhas fortes dos partidos que as vão disputar relativamente ao emprego? À economia? À saúde? À educação? À justiça? Aos compromissos internacionais? Ao papel dos funcionários públicos no Estado? Gostava de sentir algumas ideias fortes nos partidos, por um lado para saber para onde nos querem levar, por outro para os portugueses poderem escolher com convicção o partido que merece o seu voto.
Nunca em Portugal se discutiu tanto, em encontros, nos jornais, na internet, na televisão. Qualquer televisão e a qualquer hora, apresenta os mais ilustres portugueses a debaterem a situação do país. O que falta? Falta a quem está, ou esteve, no poder ou na oposição admitir que as ideias podem surgir de qualquer pessoa ou organização e ter a humildade de levar a sério cada opinião e cada sugestão, rejeitando-se de forma fundamentada e pensada as ideias com as quais não concorda e admitindo com naturalidade aquelas em que acredita. Não é possível trabalhar bem e resolver os problemas do país perdendo grande parte do tempo a discutir, a fazer e a alterar regras e leis, é fundamental que as regras e as leis se implementem e se mantenham enquanto funcionam bem, pois todas as leis devem ser feitas para ajudar a viver melhor e não para complicar a vida das pessoas.
 

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