A opinião de ...

Mintam,... mintam,... mintam sempre, porque da mentira fica sempre alguma coisa!

Já passaram séculos e muita água correu debaixo das pontes desde o dia em que um grande pensador francês, preocupado com a situação do seu país, com esta frase lapidar, com rara oportunidade e notável dose de cinismo, sintetizou assim o estado de crise que, por falta de vergonha e de valores punha em risco o futuro da sociedade francesa.
Agora, acossado por uma sucessão interminável de escândalos com que, semana após semana, Portugal se vem confrontando há já demasiado tempo, numa sucessão em catadupa de revelações atrás de revelações, fruto, como diria o ator brasileiro Paulo Gracindo, duma “senvergonhice” sem cura e sem limites, de tal maneira grave, que está a deixar a credibilidade de muitos dos atores de primeira linha da política nacional mais baixa do que a lama dos caminhos, esta citação do pensador francês, (tenhamos a lucidez de o reconhecer), assenta que nem uma luva na atual crise política do nosso país, com sério risco de , se não for travada, corroer por dentro os pilares da nossa democracia.
Numa conjuntura difícil como a atual, assolada por escândalos sobre escândalos onde menos devia acontecer, antes que a exceção se transforme em regra, para varrer uma peste como esta que eclodiu em áreas chave do poder, por respeito para com a inteligência das pessoas e em defesa da justiça, da honra, da verdade e da honestidade, e sem contemplação para com ninguém, exige-se justiça implacável, tolerância zero, rigor absoluto e verdade à prova de bala, lamentavelmente o contrário do que continua a passar para a opinião pública do país.
Se isto, por si só, não fosse razão mais que suficiente para obrigar culpados a parar para pensar, não menos preocupante e condenável que a maior ou menor gravidade dos crimes cometidos, é a maneira ridícula e anedótica como quase todos os visados, empoleirados nas tamancas do poder, tentam negar as evidências, começando com desculpas mais infantis que as do menino que é apanhado a meter o dedo no açucareiro, para depois, perante a evidência inquestionável da verdade dos factos, ser obrigado a vir a terreiro justificar-se com um chorrilho ridículo de frases feitas e desculpas esfarrapadas, ao nível dum vulgar mentiroso de barbearia de esquina, teimando em alegar em sua defesa que “não sabia de nada”, “ninguém lhe dera conhecimento de nada”, “não era nada com ele”, “não é nada do que se conta”, “está tudo bem”, “não foi tido nem achado para nada” etc., etc., à espera que com o tempo tudo esquece, com a garantia de que, se as coisas correrem para o torto, porque a um bom curriculum não há cadastro que resista, rapidamente ascenderá a outro patamar, quiçá de menor prestígio mas talvez de maior proveito.
Em “boa política chama-se a isto (?!), adivinhem…

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