A opinião de ...

A força do querer e do conseguir… Cristiano, pois claro!...

Embora, ao contrário do que algumas vezes acontece, para a minha escrita desta semana não me faltassem assuntos para ocupar este espaço, o cero é que não poderia deixar passar a oportunidade e o contexto, para falar sobre Cristiano Ronaldo.
Percebo que serei mais um, entre muitos, no mundo, a escrever sobre o primeiro jogador de futebol, português, a ganhar, duas vezes, a Bola de Ouro. Outra coisa não seria de esperar. São factos a que qualquer lusitano, que se preze, não deve ignorar e, muito menos, com eles se orgulhar!... Afinal, depois de Eusébio e Figo, podermos ver, como o resto do mundo, um português ser eleito o melhor futebolista do planeta, tendo marcado 69 golos no ano que passou, mais do que os consagrados Ribery e Messi juntos, é um feito muito difícil de alcançar. Mas mesmo muito difícil, já que é preciso vencer muitas adversidades, mostrar inequívoco valor, e lutar contra opositores fortes e invejas de ilustres cidadãos do mundo com muito pouco pudor. Sem dúvida!...
É certo que o período de temporal que antecedeu a votação foi de muita tensão e elevada apreensão, tendo em conta alguma conjuntura algo adversa. Porém, acreditando no trabalho desenvolvido e na força do seu talento, sem nunca perder a motivação, Ronaldo conseguiu o objectivo de ser o melhor jogador do ano, dando força à sua razão.
Para além de constituir uma contraprova em relação aos seus opositores, Cristiano Ronaldo não só provou a sua classe nos relvados, como a sua humildade e as suas lágrimas, quando recebeu o prémio na gala, revelaram os seus valores.
De facto, se, por vezes, há gestos ecoam do coração, também não é menos verdade que há palavras simples que revelam sentimentos, mesmo quando parecem adormecidos ou não são muito exteriorizados.
Sem menosprezar outros aspetos, porventura não menos significantes, não posso deixar de referir duas situações que, confesso, “mexeram” comigo, como português, como filho, pai e homem, na cerimónia de entrega dos prémios da Gala da Fifa.
Em primeiro lugar, porque, ver Cristiano Ronaldo, no primeiro lugar do pódio de melhor jogador mundo, mostrou e simbolizou a capacidade e o valor que os portugueses têm, mesmo em muitas outras áreas (música, ciência, medicina, economia, engenharia…). Em segundo lugar, ver o Cristiano falar na sua língua a portuguesa, para os milhões de telespectadores ouvirem, ao contrário, por exemplo, do que fez Pelé, além de valorizar a sua identidade, potenciou uma referência unificadora dos seus compatriotas. Por último, as referências que fez ao Eusébio, aos amigos, aos colegas que, com ele, atuaram ao longo do ano passado, bem como a forma como salientou a presença do filho e de outros familiares, foram reveladoras de genuína emoção, singular espirito de humildade, de elevado reconhecimento e unidade na afectividade e bondade de coração.
Continuando a ser uma referência da nação portuguesa no mundo é um feito tão admirável como um exemplo digno de ser seguido e conseguido.
Só é pena que, neste como noutros casos, seja necessário os portugueses emigrarem para serem mundialmente reconhecidos. E, como se isto não bastasse, tendo em conta a falta de oportunidades, é com bastante tristeza que assistimos à saída do país de um elevado número de jovens que procuram trabalho, oportunidade, e reconhecimento estrangeiro, deixando de o ser cá dentro.
Contudo, tal como Cristiano Ronaldo, mesmo em tempos difíceis, é determinante que acreditemos que é possível contrariar adversidades, sem nunca perdermos a esperança e o espírito empreendedor, colocando o empenho e a força de trabalho em tudo o que façamos, com a forte convicção de que o espírito de sacrífico de hoje será compensado no futuro.
 

Edição
3456

Assinaturas MDB