A opinião de ...

Nem só de futebol vive o desporto!...

Como é sobejamente conhecido e vivido, o futebol é, sem dúvida alguma, o mais privilegiado e apoiado desporto, quer em Portugal, quer fora dele, embora essa posição de vanguarda não seja completamente abrangente mundialmente.
Se no que diz respeito ao nosso país, o apoio e a liderança do futebol não tem paralelo em qualquer outra atividade desportiva, não é menos verdade que, em contraponto, embora incomparavelmente menos subsidiadas, noutras modalidades, são conquistados mais títulos internacionais e com atletas nacionais, muitos deles sustentando o seu percurso atlético num contexto de puro amadorismo. Neste contexto, o nosso pequeno mundo nordestino não é exceção. Infelizmente.
Com efeito, o futebol na nossa região, mesmo sem uma visão programática orientada para um objetivo de formação minimamente sustentável em termos competitivos, continua a absorver grande parte dos recursos destinados aos projectos desportivos.
E, aqui, também os resultados competitivos do futebol em relação a outras modalidades ficam muito aquém do desejável, mesmo ao mais alto nível. E os resultados estão à vista de todos. São em número bem significativo os atletas que, noutras modalidades, conseguem resultados e objectivos de reconhecido mérito nacional e internacional, do que no futebol.
Porém, para além do reduzido apoio financeiro e técnico que é dispensado, são diversas modalidades, mesmo até o futsal, que se debatem com falta de infraestruturas físicas para o exercício do desenvolvimento físico e de treino, já para não falar na falta de espaços para a realização de competições oficiais. E são diversos os clubes e os atletas que se queixam, de forma repetida e sustentada, da falta de apoio financeiro institucional e empresarial, mas, sobretudo, da falta de pistas para a prática de atletismo, ou pavilhões multifuncionais disponíveis. Até neste contexto, alguns municípios “castigam” coletividades, que lutam com grandes dificuldades económicas, com pagamentos dos horários de utilização de espaços polidesportivos, enquanto dispensam clubes de futebol dos honorários relativos a todas as despesas inerentes à manutenção de balneários, relvados e não só. Nesta altura em que o betão deve dar mais lugar à humanização e contribuição para um apoio mais justo e solidário aos clubes e atletas que não se dedicam ao futebol, será importante que os nossos responsáveis políticos e institucionais, no exercício da sua função de servirem as populações de forma justa e solidária, procurem resolver os problemas e encontrar soluções. Não é bom, não é prestigiante, nem aceitável, constatar que existem clubes e atletas que são obrigados a deixar as suas origens e lugares onde residem e a deslocarem-se para outras terras e ambientes, onde lhe são dadas condições treinarem e competirem. Nunca é saudável, nem socialmente gratificante, que se verifique que há atletas que não podem desenvolver as suas capacidades e aptidões junto dos seus familiares e amigos. Para além de outros aspetos representativos, importa, também, que a auto-estima seja valorizada e que a identidade seja reforçada. E se são disponibilizados subsídios que acabarão por servir para sustentar um número significativo de jogadores “importados” para a nossa região representar, porque não, sustentadamente, clubes e atletas locais apoiar?!...
 

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3442

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