A opinião de ...

Valorizando a coordenação… …evitando a dispersão!...

Nunca, como nos difíceis tempos que correm, se ouviu falar tanto de programação, coordenação, gestão de recursos humanos e materiais, de parecerias estratégicas e muitas coisas mais, sobretudo no sentido de se promover o desenvolvimento global, integrado, convergente e equilibrado de qualquer sociedade.
A vida está a mudar e todos nós teremos de nos adaptar às mudanças. E é no capítulo da mudança, sempre difícil, que deparamos com inúmeras adversidades e resistências pouco compreensíveis, o que acaba por se refletir na forma como enfrentamos ao futuro e o caminho a seguir.
Importa, com efeito, trabalhar a motivação para o sucesso, a vários níveis e setores. O associativismo e a respetiva coordenação é um deles.
Independentemente daquilo que se fez no passado, que foi positivo, na maior parte dos casos, novos desafios se deparam para o futuro no domínio da interação e coordenação das atividades decorrentes da programação associativa.
Ninguém tem dúvidas que o movimento associativo, quando sustentando em valores e programas credíveis, dinâmicos e empreendedores, é potenciador da valorização dos recursos e do desenvolvimento transversal de qualquer região, nomeadamente quando se une em torno do que é prioritário.
Entre outras instituições, que podem manter uma boa relação com as associações localizadas e integradas, na respetiva área geográfica, os municípios constituem uma referência especial e privilegiada, tanto mais que o funcionamento de muitas coletividades, algumas delas sem vida e outras sem qualquer dinamismo positivo que lhe se reconheça, só existem formalmente, porque recebem subsídios autárquicos, ou de outras instituições públicas.
Com efeito, não fosse o beneplácito negligente de executivos autárquicos, um número significativo de associações auto-extinguir-se-ia. Pura e simplesmente. Também, é certo, que, nalguns casos, a sua extinção teria mais de positivo do que negativo.
Ora sendo, sem qualquer dúvida, o município o grande pólo de referência no que diz respeito à vida associativa de cada conselho, impõe-se que tenha ao seu dispor um conjunto de meios que permitam não só a orientação dos vários programas de ação interventiva, como também a inerente necessidade de programação, isto se a política e a estratégia de desenvolvimento e coesão integrada for da vontade dos executivos que seja aplicada, o que permite rentabilizar recursos e potenciar, o mais possível, os diversos eventos.
Quer isto dizer que, em qualquer Câmara Municipal deveria, no meu entender, existir, no âmbito da sua dimensão, um gabinete/órgão que não só orientasse e programasse as diversas atividades, culturais, recreativas, desportivas, empresarias, etc, no concelho, como também as coordenasse no sentido de evitar que umas se sobrepusessem a outras, ou que se realizassem em simultâneo, valorizando a coordenação e evitando a dispersão.
Principalmente em concelhos com baixos índices demográficos, ou áreas geográficas dispersas, a atividade de um órgão coordenador municipal, no domínio da programação, poderia revestir-se de grande interesse, articulando a convergência dos munícipes num quadro interventivo/participativo comunitário, promovendo a interatividade e o desenvolvimento global do município, num quadro socialmente mais avançado e inovador, sustentável e inclusivo.
A realização de atividades tantas vezes com objetivos idênticos, em datas e horários simultâneos, em locais diferentes, sobretudo em concelhos do interior desertificado, quando o número de munícipes residentes e motivados é cada vez menor, revela falta visão estratégica de um município, sobretudo no âmbito da utilização dos respetivos instrumentos operacionais de desenvolvimento, programação e coordenação de políticas públicas de natureza setorial, horizontal ou territorial.
A estratégia de desenvolvimento de uma região será tão mais séria e credível, quando mais prestigiadas e sustentáveis sejam as organizações cívicas sustentadas nela instaladas.

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