Editorial - António Gonçalves Rodrigues

A covid-19 não desapareceu

Desde 24 de fevereiro que a pandemia de covid-19 praticamente foi erradicada dos noticiários televisivos, radiofónicos e impressos.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, primeiro, os problemas económicos que conduziram à inflação, a seguir, e a seca, nas últimas semanas, a que se seguiu o flagelo dos incêndios.
Assuntos que se tornaram dominantes depois de quase dois anos e meio em que a pandemia monopolizou a atualidade, levando, muitas vezes, à exaustão do tema e dos cidadãos.
As pessoas cansaram-se de ouvir falar em vacinas e comportamentos preventivos.


Os exemplos da sociedade

A sociedade atual está cada vez mais refém do egocentrismo e ausente de valores como a entreajuda ou o espírito comunitário.
Ainda no sábado, na recriação da segada manual na Lombada, em Bragança, Raúl Tomé, professor, responsável pelo festival de música e tradição, lamentava que o espírito de entreajuda comunitária que se vivia nesta região há 50 anos se tenha perdido com a espuma dos dias.
Nessa altura, o povo todo esperava que toda a gente acabasse a sua segada para, então, se fazer a malha. E se alguém tivesse algum problema, os outros iam ajudar.


O que fazer para chegar aos fundos do poço?

Há quem diga que os Fundos Comunitários são um poço sem fundo mas a verdade é que representam praticamente a única capacidade de investimento à disposição de Governo, cidadãos e empresários nos próximos anos.
Com uma grande parte do dinheiro dos impostos pagos pelos portugueses sorvidos pelo custo da dívida pública, que representa mais de 120 por cento de toda a riqueza produzida no país, torna-se ainda mais preponderante saber bem o que fazer com aquilo que o poço dos fundos disponibiliza.


Os valores e a notícia

Por norma, não gosto de me pronunciar sobre outros órgãos de comunicação social. Cada um sabe de si e Deus sabe de todos, já diz o povo.
Mas toda a regra tem a sua exceção.
Nas aulas de Imprensa no IPB, muitas vezes questiono os alunos sobre os valores-notícia que estão na base da informação publicada todos os dias.
Ou seja, aquele conjunto de valores que permitem aos jornalistas estabelecer critérios para a elaboração de notícias, publicadas nos jornais.


Nove anos depois...

Jorge Nunes foi presidente da Câmara de Bragança durante quatro mandatos consecutivos, entre 1997 e 2013, numa altura de grande dinâmica e convulsão social no Nordeste Transmontano.
Reunindo mais ou menos adeptos, é indubitável que deixou a sua marca quer no concelho, enquanto autarca, quer na região, enquanto líder de várias lutas.
Foi o presidente de Câmara mais tempo em exercício no concelho de Bragança desde 1820.
É, por isso, uma figura incontornável na história recente do Nordeste Transmontano.


Os receios e o Papa Francisco

Nas últimas semanas, têm proliferado as notícias especulando sobre uma possível resignação do Papa Francisco, à semelhança do que fez o seu antecessor, Bento XVI.
A causa da especulação são as dificuldades de locomoção de Jorge Bergoglio (o nome do argentino eleito Papa em 2013), devido a um conhecido problema num joelho.
Que o Papa mancava, já não era novidade. Há muito que eram evidentes as dificuldades físicas do homem que representa Pedro entre o povo de Deus.


Para cá do Marão, sobrevivem os que cá estão

Ficou famosa, há uns anos, a expressão “Para lá do Marão, mandam os que lá estão”.
Um ditado que expressava o isolamento a que a região de Trás-os-Montes foi votada durante séculos, muitas vezes quase esquecida pelo resto do país.
O progresso que se materializou na construção de autoestradas e do túnel que atravessou o coração da serra veio pôr alguma água nessa fervura, que forja o nervo dos que por cá estão.


Um país em contingência

O alerta foi lançado nas páginas do Mensageiro de Bragança logo no início do ano. A falta de médicos obstetras estava a obrigar o hospital de Bragança a transferir, em alguns dias, grávidas para o hospital de Vila Real, a 130 quilómetros. Uma distância que ainda é maior relativamente a outros concelhos, como Vimioso, Miranda do Douro, Mogadouro ou Freixo de Espada à Cinta.


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