A opinião de ...

E agora? O laranjal Feneceu.

Agora abóbora. O laranjal do Nordeste amanhado pelo hortelão cabeça de lista às eleições legislativas, Adão de seu nome feneceu, estando agora cercado de rosas cujos espinhos vão picar, pelo menos durante quatro anos. Causas? Múltiplas, a principal o facto de se considerar a horta e pomar perenes, ao modo da canção amigos para sempre, escorada numa exclusividade dos nossos, quanto aos outros que se amanhem.
Todas espécies da horta sofreram os efeitos da seca de votos e por isso mesmo os socialistas lograram eleger dois deputados. Esta perda vai provocar sequelas nos próximos tempos agravadas devido ao colapso eleitoral a nível nacional. Avizinham-se tempos de convulsão no PSD, as coisas são como são, não adianta esconder o desaire debaixo de uma manta de farrapos, importa enfrentar a crise de maneira as feridas sararem pois é no corajoso afrontamento das tormentas que se revelam qualidades de serem superadas.
Em devido tempo escrevi acerca da subtil, porém larvar erosão do poder laranja no seu exercício parcelar, ao invés dos êxitos obtidos no universo do poder local pesar do desaire (esperado) em Freixo de Espada à Cinta pois a partir de uma reportagem da TVI os tiques de autoritarismo acentuaram-se.
A maioria de Costa é assemelha-se a um duche escocês em pleno Inverno, ninguém espere carinhos e afectos, a escapatória reside no empenho dos militantes, na sua propensão a proceder segundo a política que possibilitou o regresso ao poder autárquico em Miranda, Mogadouro e Vila Flor, não esquecendo a real/realidade de alguns presidentes de Câmara estarem no seu terceiro é último mandato.
O tempo de lamber as feridas da derrota é curto, o tempo esse grande escultor demora a esculpir os travejamentos capazes de quebrarem a hegemonia do ora reforçado ciclo das rosas, à tempestade segue a bonança, a política tal como a gastronomia é a arte da paciência, do desvelo do constante alimentar o fogo do desejo em superar e sarar as bubas provenientes das brasas quantas vezes espevitadas por nós próprios.
O Nordeste não pode ficar agrilhoado pelos colares de rosas, as flores de laranjeira além de oferecerem beijos perfumados nos casamentos também são elemento primacial da pluralidade democrática (a pluralidade é sempre democrática) que nos deve animar, como o filósofo Álvaro Ribeiro ensina no seu livro Razão Animada.

P.S.- Noite do dia 30 de Janeiro de 2022

Edição
3869

Assinaturas MDB