A opinião de ...

Chamem-lhe geringonça

Começaram por apoucar a solução governativa e chamaram-lhe geringonça com sentido pejorativo. Depois, auguraram-lhe pouco tempo de vida. Que não aguentaria seis meses. Muito menos um ano. De certeza, certezinha, não passaria o teste do segundo Orçamento do Estado (OE). Previam divergências insanáveis entre o que o governo podia propor e os parceiros parlamentares podiam aceitar. E, claro, estavam convictos de que Bruxelas iria fazer exigências tais que ditariam o fim do acordo entre as bancadas da esquerda pralamentar. Sem a economia a crescer e com a ameaça de sansões e suspensões de fundos comunitários, vaticinavam o pior. E saboreavam por antecipação o fim da geringonça. 
Ainda estava a direita embalada por tais cogitações, quando começaram as boas notícias. Primeiro, a descida do desemprego. Coisa sazonal, começaram por dizer, que vai mudar com a chegada do outono. Não mudou. O desemprego continuou a baixar. Nos nove primeiros meses deste ano, foram criados mais de 127 mil empregos, em contraste com 75 mil empregos perdidos nos últimos seis meses de 2015, com o governo PSD/CDS. E a aprovação do OE 2017 pela Assembleia da República deixou os profetas da desgraça à beira de um ataque de nervos.
E quando aguardavam que Bruxelas apertasse o garrote ao governo do PS, surgiram mais boas notícias. Não apenas o INE, instituto independente responsável pelas estatísticas nacionais, mas também o homólogo europeu, o EUROSTAT, destacaram a evolução positiva da economia portuguesa. E mais: o crescimento em cadeia do PIB português no terceiro trimestre foi o mais elevado entre todos os países da zona euro. O PIB português cresceu 1,6% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2015, e 0,8% em relação ao trimestre anterior. Crescimento, portanto. A provar que a estratégia do governo de devolução de rendimentos às famílias e de capitalização das empresas está a dar bons frutos. 
De Bruxelas vieram mais boas notícias: a Comissão Europeia aprovou a proposta de OE2017 sem qualquer exigência; reconheceu que, perante uma efetiva consolidação orçamental, o procedimento por défice excessivo, a que Portugal estava sujeito, por incumprimento das metas de 2015, deve ser suspenso; em terceiro lugar, decidiu cancelar qualquer proposta de suspensão de fundos estruturais e de investimento.
Excelentes notícias para o país e para os portugueses. E um claro sinal de confiança em Portugal e no programa do atual governo.
Pois, pois, chamem-lhe geringonça…com respeito.

Edição
3605

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