A opinião de ...

O Natal defende-se agora

Nas últimas semanas, o número de pacientes infetados com o novo coronavírus sofreu uma redução considerável, sendo que, até segunda-feira, tinham recuperados mais do dobro dos novos casos (693 recuperados e 297 casos novos).
Estes números traduzem, numa primeira análise, o resultado das medidas de semi-confinamento a que vários concelhos do distrito de Bragança têm sido sujeitos.
Contudo, a situação continua longe de estar famosa, até pelas tradições que se vão cumprindo. Depois da campanha da apanha de castanha, que contribui para um surto nas freguesias limítrofes dos concelhos de Vinhais e Macedo de Cavaleiros, é a apanha da azeitona a dar origem à disseminação de vários casos um pouco por toda a região.
E isto numa altura em que a matança do porco continua a ser um dos aspetos relevantes da cultura gastronómica transmontana.
Fatores que têm sido suficientes para deixar as autoridades de saúde do Nordeste Transmontano preocupadas. Até porque se tem verificado uma crescente dificuldade em identificar os contactos mantidos pelos pacientes que vão testando positivo.
Uma tendência que se deverá agravar nas próximas semanas, com o aproximar do Natal, tempo de reuniões e convívios, mas que também deveria ser de esperança e de celebração do nascimento de Jesus Cristo.
Ninguém quer passar o Natal sozinho, confinado e isolado, pelo que haverá tendência para querer esconder sintomas e contactos, de forma a evitar o isolamento obrigatório.
Mas não é com esse tipo de subterfúgios que se consegue travar a doença.
É com o comportamento de todos nós que os números poderão baixar a tempo de um Natal mais tranquilo do que aquilo que se antevê. E com certeza que os profissionais de saúde, tão aplaudidos durante a primeira fase, agradeciam poder respirar um pouco.
Na última semana, o número de pacientes internados nas três unidades hospitalares do distrito cresceu. São agora 75, sendo que, destes, 11 estão internados nos cuidados intensivos (em Bragança), que têm capacidade para 13 utentes.
Por isso, de forma a todos poderem viver o Natal em paz e segurança, é o nosso comportamento por estes dias que vai determinar a nossa saúde nesse momento.
Numa altura em que somos chamados a reinventar a esperança, como dizia o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, à margem da inauguração das cinco novas ambulâncias dos bombeiros de Bragança, lembremo-nos que o tamanho dessa esperança está nas nossas mãos.

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