Mirandela

Táxi é o meio de transporte para alguns idosos serem vacinados na região

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2021-02-04 11:40

Entre a cidade de Mirandela e a pequena aldeia de Regodeiro, freguesia de Múrias, distam 20 quilómetros, três deles que demoram uma eternidade, numa estrada com mais buracos do que alcatrão.

Por lá residem cerca de 50 pessoas, a maioria idosos, alguns com mais de 80 anos, que serão incluídos no grupo prioritário da próxima fase da vacinação contra a covid-19.
Laura Augusta de 86 anos, fazia um pequeno passeio junto à sua porta e quando confrontada com a novidade mostrou uma satisfação algo contida. “Eu gosto que venha, porque se não resultar com ela, menos resulta sem ela, com certeza”, diz.

Já Helena Pereira, fazia o seu passeio diário com a ajuda de duas bengalas. “tenho uma osteoporose e preciso de esticar as pernas todos os dias”, contava. Quanto à vacina: “vamos lá ver se bem. Ainda não chegaram para os meios grandes, quanto mais aqui para os pequenos. Mas era bom que viesse e fizesse bem para não morrer tanta gente”, refere.

Numa casa em frente, Lúcia Pereira de 81 anos, abriu a janela e sobre a badalada vacina contra a covid-19, remata: “Olhe, tenho medo aos efeitos secundários, sei lá se depois isto vai fazer-me bem ou mal. Tenho bronquite e um quisto no rim, ainda não sei o que vou fazer”, adianta.

Ao contrário do que aconteceu na vacina contra a gripe, em que as equipas de saúde se deslocaram às juntas de freguesia para administrar as vacinas, agora a situação é diferente com todos os idosos com mais de 80 anos a serem notificados, a partir da próxima semana, para comparecerem no centro de saúde de Mirandela, com marcação prévia do dia e da hora.

Para os habitantes de Regodeiro, esse é o principal problema, porque não há transporte público. “Não tenho carro, para ir ao centro de saúde, que são 40 quilómetros, ida e volta, temos de pagar a um carro ligeiro e o táxi que há algum tempo levava 40 euros, não sei se já é 50. É muito caro”, diz Helena Pereira.
Depois de praticamente um ano de pandemia, o cansaço é evidente e o medo também, mas ainda há que tenha alguma fé. “Só se vê miséria, as ambulâncias não têm sossego, os médicos e os enfermeiros não páram, é uma tristeza. Mas temos de ter esperança”, diz Maria Freitas, outra habitante.

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