A opinião de ...

A utopia Europeia

(continuação)
A alteração evidente da definição dos partidos políticos, hoje sem coincidência com o pluralismo dos fundadores, implica uma revisão do “conceito estratégico” da União, que garanta a autenticidade de participação nos valores comuns: o europeísmo não pode ser uma palavra sem um núcleo de significado participado.

Do ponto de vista interno, o processo do Brexit do Reino Unido, um exemplo do que não é praticável, é um abalo à confiabilidade da estrutura, que exige, mais do que rigidez da resposta, a sabedoria política que fortaleça a vontade de continuar na União. Infelizmente a “circunstância” da última eleição, que foi anúncio de uma complexa diversificação das correntes políticas, arrisca que sejam mais orientadas pela crítica das práticas existentes do que pela vontade de continuar, ou regressar, à tarefa de materializar a utopia.

A igual dignidade de todos os Estados membros não está segura quando, com influência da moeda única, parece defrontar uma ambição de Diretório, nesta data atingida pela desordem interna da França e diminuição da autoridade da chefe do governo alemão.

Os efeitos do Brexit anárquico vão exigir reforço para diminuir as consequências negativas nos mercados financeiros que atingirão Portugal. E que exigirão uma reformulação da Segurança e Defesa, com exigências que ultrapassarão as que estavam presentes nas chamadas Missões de Petesberg (1992), tendo atenção a que o Reino Unido, se sair, leva consigo o maior exército e a maior força naval europeia, na data em que à presidência dos EUA ocorreu enfraquecer o atlantismo pelo regresso ao antigo conceito de que o Pacífico é um “destino manifesto”, parcela do projeto “America first”.

As memórias vindas do sovietismo, e as memórias dos acidentais são diferentes: construir um futuro igual exige estadistas.

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