A opinião de ...

Breve crónica da Caminhada-Mor Bragança/Cidões – 3.ª Edição – 04JUN23

Até há poucos anos nunca tinha ouvido falar de Cidões, uma pequena aldeia no concelho de Vinhais. Talvez esporadicamente, como sendo a terra natal de alguém conhecido, mas sem nenhuma certeza de localização ou importância. Com a reanimação recente das tradições populares e a mediatização da festa da “Cabra e do Canhoto”, já a conheço um pouco melhor: Sei da sua existência e localização, da sua tradição de festejar este evento na passagem do verão, tempo claro e quente, para o outono, tempo escuro e frio, do empenho dos seus descendentes de lhe dar continuidade. Já lá fui algumas vezes e prometo voltar, não tanto para celebrar a dita festa que os Zoelas, povo Celta pré-romano, que por aqui andou e deixou as suas marcas, mas como participante na chamada Caminhada-Mor Bragança-Cidões.
Gosto de caminhar. É uma atividade natural ao homem. A nossa forma de locomoção. Gosto de caminhar porque, além de ser útil à saúde e melhorar a nossa condição física, também me faz bem ao espírito, à mente. Sobretudo, gosto de caminhar no campo. Ao ar livre, na natureza. Gosto dos seus cheiros, do cantar dos pássaros e de alargar a vista pelas paisagens a imaginar o além do horizonte depois dos montes. Percorrer caminhos de terra batida e, às vezes, pequenos carreiros. Caminhar dá-me gozo e é um desafio permanente. Também gostava de correr atrás da bola, mas essa já não é possível. Os ginásios constituem uma clausura. Não me prendem.
A Associação “Raízes d’Aldeia” – uma associação “Cultural, Ambiental, Desportiva e Social”, de Cidões, além de outras coisas que prossegue na sua missão, dinamiza a festa da “Cabra e do Canhoto” e, desde 2021, organiza a Caminhada-Mor. No último dia 4 de junho teve a sua 3.ª edição. A 1.ª foi em 27 de junho de 2021 e a 2.ª no dia 29 de maio de 2022.
Os organizadores batizaram-na de Caminhada-Mor, julgo eu, por ser bastante longa (cerca de 29 kms) e relativamente desnivelada (cerca de 1000 m), com subidas e descidas acentuadas, por passar num troço da denominada “calçada romana”, próximo de Alimonde e ainda pela sua riqueza paisagística e floral, referindo que era “só para ao mais corajosos” dando a ideia de um percurso com um grau de dificuldade relevante. Na sua divulgação, como fator de motivação, acrescentava: “Vamos fazer uma homenagem aos nossos valentes antepassados, que iam a Bragança, várias vezes ao ano, a pé ou a cavalo, de todas as terras do distrito!”
Reunião marcada para as 05H30. Após confirmação das presenças e algumas informações úteis, pelas 05H45, os mais corajosos, cerca de 4 dezenas, iniciaram a caminhada. Formaram-se grupos que, ao seu ritmo, uns mais rápidos a subir, outros em pequenas correrias a descer, lá nos fomos aproximando, do reforço servido próximo de Ousilhão e da meta na Associação. Sob o olhar atento do Prof. Luís Castanheira, ninguém ficou para trás. À chegada fomos recebidos com as tradicionais filhoses e o chocolate quente. Depois o almoço de confraternização.
Gosto da Caminhada-Mor. É excelente. As muitas fotos que os caminheiros já partilharam provam-no. Gosto das pessoas que nos tratam bem. Que recebem com simpatia, carinho e amor. Sem dúvida, lá estarei no próximo ano para retribuir. Obrigado Cidões.

Edição
3938

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