A opinião de ...

Abílio Adriano de Campos Monteiro um moncorvense (quase) desconhecido

Mas…quem foi Campos Monteiro? Abílio Adriano de Campos Monteiro, nasceu na vila de Torre de Moncorvo, a 7 de Março de 1876, numa casa junto à Igreja da Misericórdia, na referida casa existe uma lápide alusiva a este facto. Foi baptizado na Igreja Matriz de Moncorvo, em 10 de Abril desse ano. Seu pai foi José Carlos Monteiro, Contador do Juízo da Comarca de Moncorvo e era natural de Chaves. Sua mãe chamava-se Maria Joaquina de Campos, doméstica, natural de Torre de Moncorvo.
Em Moncorvo, fez o exame de instrução primária elementar. Feito este exame, Campos Monteiro, com apenas oito anos de idade, foi viver para Ponte de Lima, na companhia do seu tio Júlio César Monteiro, a quem chamaria «meu segundo pai», e que era escrivão da Fazendo na referida vila minhota. Nota curiosa, a viagem da Foz do Sabor até ao Porto, foi feita de barco, como era vulgar naquela época. Foi pora Ponte de Lima porque era uma terra menos interior e com maiores facilidades no ensino? Provavelmente! Contudo, sabemos que a companhia deste seu «segundo pai» foi muito importante para a formação intelectual do jovem Campos Monteiro, uma vez que Júlio César Monteiro era pessoa muito dada aos livros e que convivia com a elite intelectual da aristocrática vila minhota, nomeadamente na Assembleia (clube de elite da sociedade Limiana, na época). Em Ponte de Lima, cujo talento literário já se começava a salientar, terá recebido um forte incentivo, sobretudo dos amigos do seu tio, que eram, entre outros, o grande poeta parnasiano António Feijó (depois nosso embaixador na Suécia, onde se casou com uma senhora dessa nacionalidade) e o Conde D’Aurora, grande intelectual, também diplomata e um bom escritor, sobretudo a nível regional.
Depois, Campos Monteiro frequentou o liceu de Viana do Castelo, cujos “preparatórios” concluiu em 1891. Após ter concluído os “preparatórios”, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde completou o curso de Medicina em1902, ano em que publicou a peça “Os Filhos de Minerva”. Abílio Campos Monteiro casou em 1897, com Olívia Barros Coutinho.
Campos Monteiro é um monárquico convicto e vai envolver-se na política activamente. Assim, é nomeado administrador do concelho da Maia, ainda na vigência do regime monárquico. No regime republicano é eleito deputado monárquico, pelo distrito do Porto. Com o falhanço das incursões de Paiva Couceiro, foi exonerado de um partido médico de Matosinhos. A partir deste momento, dedica-se praticamente só à escrita, tendo publicado o seu celebérrimo livro “Saúde e Fraternidade”, em 1923, que é uma violenta crítica contra a república, do qual se chegou a tirar (quarenta mil) 40.000 exemplares.
Posteriormente, mudou a sua residência para S. Mamede de Infesta, onde se dedicou, quase exclusivamente aos livros e onde nasceram os seus quatro filhos. Ele próprio escreveu: “Desde então não se comeu à minha mesa outro pão que não fosse ganho pela minha pena: formulando récipes ou escrevendo cónicas e livros.” O ex-libris é esse mesmo retrato: “Domus mea est orbis meus”.

(Continua na próxima edição)

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