A opinião de ...

E tudo o vírus levou, no ruir das ilusões do “País do faz de conta”

É assustador constatar como um simples vírus, que ninguém sabe como é nem donde veio, em meia dúzia de semanas, pôs tanta coisa em causa. Abalou perigosamente os alicerces mais profundos de toda a humanidade e, se não for travado rapidamente, poderá reduzir a cinzas todo o progresso e o desenvolvimento conseguido pelas civilizações que, durante tantos milénios, moldaram a face da terra, e se encontram agora confinados às suas casas, esperando que a ciência lhes devolva a esperança.
Habituados a que nos passassem ao lado quase todas as calamidades e catástrofes que têm assolado a humanidade, julgámos, que isto não era nada connosco, e como o “coviruzinho” chinês se sentia bem na China, por lá se quedaria para sempre. Foi preciso que se atravessasse no nosso caminho esta realidade dura e crua, para nos fazer descer das nuvens e assentar bem os pés na terra. Perante a gravidade da situação revelada pela frieza assustadora dos números, finalmente fomos obrigados a reparar em tudo o que não quisemos, não pudemos ou não nos deixaram ver e, no retiro do confinamento que nos foi imposto, apercebermo-nos de como o rei ia nu no país que tentaram vender-nos como o país das maravilhas e que, afinal, não é mais que “o “país do faz de conta” e, para maior azar e desgraça nossa, tudo isto havia de acontecer, logo depois da divulgação das contas públicas de 2019, o ano maravilha do nosso contentamento. Contudo, isto até não foi nada de que não se estivesse à espera, podendo apenas ser surpresa ter acontecido antes do que se desejava, ou não tão cedo como se esperava. Bastava dar alguma atenção à fragilidade das bases sobre as quais construíram o tal “país das maravilhas, e a ligeireza com que nos garantiram que bastaria entrar na CEE para sermos todos ricos. Depois, durante décadas a fio, foi o descalabro total e, enquanto durou o dinheiro fácil vindo da Europa às carradas, entrou-se numa vertigem de consumismo compulsivo como se não mais houvesse amanhã.
Sem qualquer critério, malbarataram-se milhões sem se saber bem em quê nem para quê, delapidaram-se fortunas em futilidades e enterraram-se quantias astronómicas em investimentos sem sentido e sem futuro. Abandonou-se a produção nacional, ignorou-se a reconversão e o desenvolvimento industrial e deixaram-se afundar a agricultura e as pescas, caindo o país na total dependência do exterior, vítima indefesa à mercê de especuladores sem escrúpulos, como voltou comprovar-se agora nas enormes dificuldades sentidas para adquirir nos mercados internacionais os produtos indispensáveis para ajudar a combater o COVID-19, coisas simples como desinfetantes, zaragatoas, máscaras e equipamentos de proteção individual para o pessoal da 1ª linha. Em tempo: Está aberta a polémica sobre as comemorações, na Assembleia da República, do próximo dia 25 de Abril, e as reações não se fizeram esperar. Sem por em causa a importância e o significado desta data, atendendo à gravíssima crise sanitária que se abateu sobre o país, espero que esta iniciativa inútil, lamentável, inoportuna e quase a raiar um ridículo vergonhoso nem sequer chegue a entrar na casa da democracia.
SERÁ DESTA QUE, FINALMENTE, IREMOS APRRENDER ALGUMA COISA?

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